segunda-feira, 30 de junho de 2008

CHEMA MARDOZ, FOTÓGRAFO


As fotografias de Chema Madoz(espanhol nascido em Madrid, 1958), em branco e preto, têm vários níveis de interpretação.



Podem ser lidas como poesia, usufruídas intelectualmente e percebidas esteticamente.



Madoz construiu sua própria linguagem plástica. Aborda o objeto de três maneiras: o objeto encontrado, sem alterar; o objeto manipulado, e o objeto inventado e construído por ele mesmo em seu estúdio Chema Madoz é um dos mais importantes expositores da fotografia espanhola atual além de ter grande projeção internacional.



Em suas obras, Madoz nos mostra novas formas de ver o cotidiano uma vez que cria metáforas e jogos visuais dirigindo nosso olhar até o que estava oculto ou nos passava desapercebido.

Fonte: http://www.chemamadoz.com/gallery1.htm?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

LIÇÃO DE COISAS

LIÇÃO DE COISAS
"E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza."

Pero Vaz de Caminha

(Na famosa carta enviada ao rei de Portugal)

"Bons tempos !" é como as pessoas de mais idade, dessas que se utilizam daquela fila especial nas agências bancárias ("vocês que já são aposentados e têm todo o tempo do mundo ocupam o lugar que deveria ser de quem ainda trabalha", protestou alguém dia desses, com certa dose de razão), se referem à sua juventude. Não adianta mostrar que a mortalidade infantil era maior, que a medicina não havia chegado aonde chegou hoje, que as distâncias ficaram menores, que o país caminha (passe o trocadilho) mesmo sem ter um governo digno do nome.

Nem adianta comprovar que o nepotismo e a bajulação não nasceram ontem, pois vieram para o Brasil nas caravelas trazidas pelo Pedro Álvares Cabral. Para os velhos, bons tempos eram aqueles. Como diz o Rubem Alves, "antigamente é um tempo que se foi, mas que se recusa a ir de vez e fica dentro da gente, atormentando o coração com saudade".

É como dizia o fazendeiro, olhando o céu na sexta-feira e pensando em sua lavoura : neste fim de semana teremos dias ótimos, pois aquelas nuvens ali são chuva na certa. Como reagiria a filha dele, que havia programado uma ida ao clube ou à praia ? "Tempo bom" diz com empáfia o locutor de rádio encarregado de divulgar os relatórios meteorológicos. Tempo bom para quem, cara pálida ?

Bons tempos eram aqueles em que nossos pais (mais exatamente, nossa mãe) nos mandavam à venda (nome que se dava ao empório, onde se vendiam uns misteriosos "secos e molhados"), levando a caderneta. Ou cardeneta, como diziam muitos. Quem se lembra disso ? No fim do mês, o dono da tal venda fechava a conta, nós entregávamos a ele o dinheiro contadinho (quem tinha conta em banco naquela época ?) e ele nos recompensava com uma garrafa de vinho (nacional, claro) ou uma caixa de balas. Se fosse bom freguês, caixa de bombons.

No fim do ano era ocasião dos almanaques, um caderno mais encorpado, editado por alguma empresa com precoce visão de merchandising, que nos fornecia bons momentos de distração, com palavras cruzadas, charadas e curiosidades várias. A mais famosa era a do biotônico a que o nacionalista Monteiro Lobato alugara o talento, criando o famoso Jeca Tatu, que, pretendendo fazer propaganda do tal licor, acabava fazendo propaganda da botina que o personagem passou a usar para evitar a verminose. Quem acha que inserção de propaganda (hoje se usa o americanista comercial) em veículo aparentemente neutro, como as novelas, é coisa de hoje sabe pouco da vida. Veja os filmes em branco e preto, dos anos 40, e lá encontrará alguma tabuleta que não tinha motivo algum para estar ali, informando, como quem não quer nada, as excelências de algum produto. Cigarro ou cerveja. Ou a marca do carro. Ou da máquina fotográfica que aparece em close.

Meu pai, não sei como, descobriu o Almanaque do Porto, que era editado pelo sindicato dos padeiros de Portugal. Era um livro de capa dura, com os mais surpreendentes assuntos, que líamos com grande proveito. Até roteiro de viagem ele apresentava. Todo fim de ano, lá estávamos nós entretendo-nos na tal fonte de conhecimento. Será que ainda existe ? E o Bertrand ? E o do Pensamento ?

Lembrei-me disso a propósito de algumas noções que a vida moderna não nos proporciona, embora estejamos em contato com símbolos de algo que nos escapa. Talvez seja falta de um bom almanaque.

Por exemplo, você sabe o que é ara ? Que vem a ser isso ? Quem se divertiu nas palavras cruzadas dos almanaques sabe que é o nome do altar de sacrifício utilizado pelos nossos antepassados. É importante saber isso porque, numa dessas conversas cultas que nós travamos em festas de casamento ou de aniversário, você pode levar o assunto para a religião, vai até a antiguidade, fala da oferta das primícias e, quando o interlocutor der por si, lá está você falando da ara. E pode ir mais adiante em sua exibição : ara era também aquela trave horizontal da cruz onde pregaram o Cristo. Figurativamente, um altar de sacrifício. Isso deve impressionar muito as viúvas de meia idade.

E ainda esclarecer que ara não se confunde com a mó, que não é apenas um adjetivo de elogio usado pelos mano (exemplo : "minha mina é mó legal, cara"), mas outra pedra. Esta é aquela que move o moinho, fazendo farinha, também um assunto interessante para um bate-papo num happy-hour qualquer. E aí você aproveita para perguntar se a moça é uma igapirense. Ou ela lhe dá um bofetão, toda ofendida, encerrando a conversa, ou, modesta, pergunta o que é isso. E você, afetando naturalidade, mostrará surpresa : "Como ? Você não sabe ? Igapirense é quem nasce na cidade de Álvares Florence". Ela ficará encantada com tua cultura, muito embora nenhum de nós três tenha a menor idéia sobre onde fica essa cidade. Nem como de Álvares e de Florence foi nascer um palavrão desses.

Outro bom tema diz com o chamado "e comercial" ou &. Que significa isso ? Bem examinado, o símbolo mostra a conjunção coordenativa latina "et". Pois o nome que os de língua inglesa deram a esse símbolo é ampersand. De onde veio isso ? Da aglutinação de uma explicação : "and per se and", isto é, é um e que é e por si mesmo.

O leitor chamará isso de cultura inútil. Engano seu. Certa ocasião mestre Fernando Sabino publicou uma de suas saborosas crônicas, na qual ele aludia a esse símbolo comercial, cujo nome ele desconhecia. Pois um leitor atrevido escreveu-lhe, exibindo sua cultura de almanaque, e reclamou, como cachê, um livro dele, devidamente autografado. Quem for à minha casa notará na estante, dentre outras preciosidades, o "Encontro Marcado", com autógrafo do autor agradecido. O que mostra que essa cultura não é tão inútil assim.

E o sinal "@" dos e-mails, que os brasileiros insistem em chamar de arroba, pois era empregado entre nós para indicar a saca de mais ou menos 15 quilos ? Que tem a ver arroba com a Internet ? Simplesmente nada. Pois ainda uma vez é a importação descuidada de algum transgênico lingüístico. Ocorre que, quando alguém criou o correio eletrônico (aquele e de e-mail se refere a electronic, como sabeis), pretendeu informar o endereço da pessoa compondo-a de três partes distintas : o nome do usuário (username, se preferis), o nome do servidor (a empresa que nos transporta pela Internet) e a indicação do ramo de atividade do passageiro ou usuário da Internet. Para dizer que alguém está ligado ao servidor terra, ou servidor gmail, ou qualquer outro, faz-se isso empregando a preposição "at", que é representada pelo tal símbolo @. Como se diz "João dos Santos, comerciante brasileiro", também se diz, em internetês, "joao@terra.com.br", isto é, "João do servidor Terra", ou, simplificando, "João da Terra", que atua no ramo comercial no Brasil. A diferença é que João dos Santos há muitos, ao passo que "joao@terra.com.br" só haverá um. A ausência de cedilha e de til é uma imposição, mais uma, dos norte-americanos, que não perdem tempo com essas bobagens. E todos nós passamos a ser considerados comerciantes, veja só.

Individualidade é isso, filosofará você, impressionando ainda mais a já boquiaberta garota, objeto de seus maus propósitos. E ela talvez concorde em visitar a tua garçonière.

Não sabes o que se esconde por trás dessa francesia ? Não ? Quem mandou você ser tão moço ? Então procure no Google algo sobre o romance entre a Pagu e o Oswald de Andrade, que, aliás, acabou gerando um filho, batizado de nada menos do que Rudá Poronominare, e veja como se denominava o local dos chamados encontros fortuitos naqueles idos e vividos tempos.

Tempos bons aqueles !

__________________

A coluna Circus, integrante do site Migalhas (www.migalhas.com.br), é assinada pelo ilustre migalheiro Adauto Suannes.

Dica: Zeitgeist, o Filme





















As partes estão na sequência!!!

Querendo assistir on line com legendas em português:
http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024

o filme está dividido em 4 partes:

abertura: 0:00-9:34

part 1: the greatest story ever told 9:35-35:53

part 2: all the world’s a stage 35:54-1:09:16

part 3: don’t mind the men behind the curtain 1:09:17-1:56:23

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Download Meu Nome Não é Johnny Torrent




Sinopse
João Guilherme Estrella (Selton Mello) é um típico jovem da classe média. Inteligente e simpático, é adorado pelos pais e popular entre os amigos. Abusando do espírito aventureiro e boêmio, torna-se rei do tráfico de drogas da zona sul do Rio de Janeiro. Investigado pela polícia, é preso e seu nome chega às capas dos jornais. Baseado em história real.

* Informações Técnicas
Título no Brasil: Meu Nome Não é Johnny
Título Original: Meu Nome Não é Johnny
País de Origem: Brasil
Gênero: Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 107 minutos
Ano de Lançamento: 2008
Estréia no Brasil: 04/01/2008
Site Oficial: http://www.meunomenaoejohnnyfilme.com.br
Estúdio/Distrib.: Columbia Pictures
Direção: Mauro Lima
* Elenco
Selton Mello ... João Guilherme Estrella
Cléo Pires ... Sofia
Cássia Kiss ... Judge
André de Biase ... Alex
Ângelo Paes Leme ... Julinho
Rafaela Mandelli ... Laura
Gillray Coutinho ... Lawyer
Luis Miranda ... Alcides
Aramis Trindade ... Tainha
Kiko Mascarenhas ... Danilo
Flavio Bauraqui ... Charles
Orã Figueiredo ... Oswaldo
Hossein Minussi ... Wanderley
Ivan de Almeida ... Carcereiro
Flávio Pardal ... Boneco


Tamanho: 903 MB


Download Meu nome não e Johnny!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"A História das Coisas"



Recebi da minha amiga Letícia e postei porque achei interessante. Aliás, essa questão tá em voga no mundo todo, inclusive por estar tragando todos os países para um início de crise que pode mudar a história econômica e política do mundo.

Segue o texto da Letícia:

"My dears

quando tiverem uns dez minutos, vale a pena assistir esse filme sobre a questão do consumo, Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente, industrias, sociedade, modernidades, pobreza, guerras, etc.

Fonte : http://www.storyofstuff.com

Engraçado, hoje ao ver a revista da Natura (material de primeira necessidade feminina, rsrs ), o mesmo está cheio de recadinhos politicamente corretos, entre eles destaco:


"Evite fazer compras por impulso e não consuma além das suas possibilidades. Quanto menos vc comprar, menos vai jogar fora!"

Palmas para a Natura.

bjos naturistas ,ops , naturais"

"Imunização Racional (Que Beleza)" - Monobloco

"Vagabundo" - Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede

terça-feira, 24 de junho de 2008

Dica: DVD - "O Expresso da Meia-Noite - Edição do 30º Aniversário".


EUA/Inglaterra - 1978.

Dir.: Alan Parker. Distr.: Sony - AA+

20/06/2008

AAA Excepcional / AA+ Alta qualidade / BBB Acima da média / BB+ Moderado / CCC Baixa qualidade / C Alto risco



Drama de penitenciária dos mais angustiantes, "O Expresso da Meia-Noite" narra a história real de Billy Hayes (Brad Davis), turista americano sentenciado a 30 anos de prisão na Turquia pela ingênua tentativa de traficar 2 quilos de haxixe para fora do país. Inicialmente recebido como obra-prima, o longa passou a ser alvo de acusações de fascismo à altura de sua exibição em Cannes - por seu retrato explicitamente pejorativo do povo turco. A polêmica é dissecada em um dos minidocumentários produzidos especialmente para esta edição de aniversário. Ao todo são mais de 70 minutos de extras, incluindo entrevistas inéditas com Alan Parker e Oliver Stone (roteirista). Vencedor do Oscar de roteiro original.

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 20.06.2008

A questão humana


24/06/2008

"Nós como cientistas sociais não podemos supor que entre os homens somos déspotas esclarecidos." - Charles Wrigth Mills, em "A Imaginação Sociológica"


Sobrou-me tempo, no sábado 21/06, para enfrentar "A Questão Humana", no Cinesesc. Descontada a demasia de hermetismo, o filme de Nicolas Klotz revolve as entranhas da sociedade dos "indivíduos livres" que, em seu cotidiano, estão submetidos a formas cruéis de controle. Adaptados, conformados, até mesmo confortados e felizes, são incapazes de compreender que sua liberdade (e seus excessos alcoólicos, promíscuos e egocêntricos) são permissões dos processos da manipulação e de aniquilamento pessoal. Os desumanos agentes do novo totalitarismo são os especialistas, os intelectuais da razão instrumental que decidem o destino do outro. O nazismo do terceiro milênio não usa coturnos nem câmaras de gás. Usa a ciência que não pensa a si mesma e a informação.

Lembrei-me de "velharias", como diriam os comandantes da barbárie midiática up-to-date. Tirei do baú Hanna Arendt e Charles Wrigth Mills. Morto em 1962, aos 46 anos, Charles Wrigth Mills escreveu duas obras primas sobre a sociedade americana - "A Elite do Poder" e "A Nova Classe Média" (White Collar) - que anteciparam a emergência das características da sociedade de massas contemporânea nos EUA.

Mills, um intelectual do velho estilo, estava comprometido com a discussão dos problemas concretos do seu tempo e de sua gente. Crítico implacável dos estilos da ciência servil, lamentava, sobretudo, o abandono do "foco clássico" nos problemas substantivos em favor do que chamava de "ethos burocrático" e do empirismo abstrato.

Mills não escondia sua indignação com o projeto de uma ciência social cujo propósito é a previsão e controle do comportamento humano. Dizia que falar com tanto desembaraço sobre previsão e controle é "adotar a perspectiva do burocrata para quem, como observou Marx, o mundo é um objeto a ser manipulado". Mills era um típico liberal americano do imediato pós-guerra, formado no clima progressista e esperançoso do New Deal. Suas profecias sobre a trajetória da ciência e do conhecimento da sociedade não só se cumpriram como foram ultrapassadas pela capitulação humilhante das ciências sociais diante dos procedimentos pseudocientíficos da economia.



--------------------------------------------------------------------------------
O nazismo do terceiro milênio não usa coturnos nem câmaras de gás, mas sim a ciência que não pensa a si mesma e a informação
--------------------------------------------------------------------------------


Hoje em dia, na maioria das vezes, os problemas são definidos em função da possibilidade de tratamento formal e quase nunca em razão de sua relevância para o entendimento e compreensão da dinâmica das sociedades modernas. É a vitória do empirismo abstrato sobre a inteligência.

Charles Wrigth Mills imaginou com impressionante clareza: os estilos de investigação que prezava e praticava como intelectual público seriam avassalados pelo avanço da máquina monopolista, empenhada no controle do destino dos indivíduos livres e na "censura" do debate econômico, social e político. Avizinhava-se "um período e uma sociedade em que a ampliação e a centralização dos meios de controle, de poder, incluem um uso bastante generalizado da ciência social para todos os fins que os homens no controle de tais meios possam lhe atribuir".

Ele se dispôs a investigar dois pontos fundamentais: primeiro, as mudanças na organização econômica capitalista e nas grandes organizações sociais (inclusive nos aparelhos de produção do "saber"). Essas transformações dariam origem a uma concentração sem precedentes do poder e aumentariam a distância entre a elite e as massas; segundo, as perspectivas mentais e ideológicas seriam criadas por um sistema de educação, de informação e de comunicações cada vez mais concentrado e centralizado. Mills não poderia, é claro, imaginar a usurpação quase completa da liberdade de opinião e de informação - prerrogativa dos cidadãos - executada de forma implacável pelos moguls da mídia, transformada, fora as exceções de praxe, em arma de desinformação e de propaganda de interesses.

Nas condições de segmentação, especialização e burocratização do saber, num ambiente de brutal concentração do poder de informar e de definir temas para a discussão, é impossível cumprir a promessa moral e intelectual das ciências sociais de que a liberdade e a razão continuarão como valores aceitos e serão usados de forma séria. Para Mills não há como separar o nascimento das ciências da sociedade das tradições do liberalismo clássico e do socialismo. O colapso destas tradições significa o declínio da individualidade livre e da razão nas questões humanas.

Hanna Arendt, já escrevi nessa coluna, abordou nas "Origens do Totalitarismo" as transformações sociais e políticas na era do capitalismo tardio e da sociedade de massas. A economia dos monopólios promoveu a substituição da empresa individual pela coletivização da propriedade privada e, ao mesmo tempo, a "individualização do trabalho", engendrada pelas novas modalidades tecnológicas e organizacionais da grande empresa. A isto se juntou a conversão ao regime salarial das profissões outrora conhecidas como liberais. A operação impessoal das forças econômicas produziu, em simultâneo, o declínio do homem público e a ascensão do "homem massa, cuja principal característica não é a brutalidade nem a rudeza, mas o seu isolamento e sua falta de relações sociais normais".

Trata-se da abolição do sentimento de pertinência a uma classe social, sem a supressão das relações de dominação. "As massas surgiram dos fragmentos da sociedade atomizada, cuja estrutura competitiva e concomitante solidão do indivíduo eram controladas quando se pertencia a uma classe". A escória, na visão de Arendt, não tem a ver com a situação econômica e educacional dos indivíduos, "pois até os indivíduos altamente cultos se sentem particularmente atraídos pelos movimentos da ralé".

Talvez a perda das relações orgânicas com estas tradições tenha alguma responsabilidade pela obscuridade que contamina os debates entre figuras ilustres e dignas, impotentes diante da mesquinharia da vida política atual e do difícil deslindamento das malhas do poder real que apertam cada vez mais o cerco sobre os cidadãos atônitos.


Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, escreve mensalmente às terças-feiras. E-mail: BelluzzoP@aol.com

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Águas de Março - Elis Regina e Tom Jobim



Épico? Bom... para mim, está no mesmo nível de "A Sagração da Primavera", "Sinfonia N. 5", "Jesus, Alegria dos Homens", "Cavalgada das Valquírias" etc... arte pura, execução perfeita, amor puro, puro virtuosismo e pura inspiração.

É a oitava música mais tocada no mundo...falar o quê?

2° Bazar dos Importados - APAE/DF

Amigos,

Repasso-lhes e peço a gentileza de divulgarem para seus amigos e colegas. Confirmei a informação nos sites mencionados. A relação das mercadorias consta em http://www.apaedf.org.br/bazar.htm

É por uma boa causa, em que todos ganham.

Abraços,

Asclê.

____________________________


Caros Amigos,

A Federação Nacional das APAEs e a APAE/DF realizam, nos próximos dias 19, 20 e 21 de junho, o seu 2° Bazar dos Importados, com mercadorias doadas pela Receita Federal. Os produtos disponíveis são eletroeletrônicos (especialmente DVDs, Games, aparelhos de som automotivo e equipamentos audiovisuais portáteis, como MP3 e MP5) e perfumes (marcas famosas como Azzaro, Giorgio Armani, Bvlgari, Givenchy, Carolina Herrera, Yves Saint Laurent, Dolce & Gabbana, entre outros).

As mercadorias foram apreendidas recentemente por irregularidades fiscais e foram doadas para favorecer as ações da APAE. Por isso, os produtos adquiridos no bazar NÃO poderão ser revendidos, porque não possuem nota fiscal. Deste modo, por orientação da Receita Federal, cadastraremos o CPF de cada um dos compradores e limitaremos a quantidade de cada produto adquirido por pessoa. A medida visa evitar a aquisição de itens para revenda, uma vez que os produtos estarão com preços abaixo dos aplicados no mercado.

Se você deseja os produtos para consumo próprio ou para presentear um parente ou amigo, traga o seu CPF e aproveite as vantagens do nosso bazar. O atendimento será das 9h00 às 20h00, na sede da APAE/DF, localizada na 711/911 Norte, conjunto "E", com acesso pela avenida W4. A entrada será franca, mas controlada por senhas.

Para evitar o excesso de público percebido no bazar do ano passado, não divulgaremos o evento na mídia. Por isso, solicitamos que encaminhe esse comunicado para seus parentes e amigos interessados. Além de adquirir produtos com preços bem mais acessíveis, todos estarão apoiando as ações da APAE, que favorece a inclusão social de centenas de pessoas com deficiências intelectual e múltipla.

Outros detalhes do evento estarão disponíveis em nossos sites: www.apaedf.org.br e www.apaebrasil.org.br

Um abraço a todos e até lá!

Assessoria de Comunicação e Projetos
ASCOMP - APAE/DF -
ascomp@apaedf. org.br

COBERTORES E CASACOS PARA FAMÍLIAS CARENTES DO VARJÃO

Estou repassando, porque faço parte do Grupo e acho que não custa nada ajudar o próximo...

"O frio já chegou... e estamos precisando de cobertores e casacos para as
crianças e famílias do Varjão... Será que podem nos ajudar???? Tudo será
bem-vindo!

Obrigados por todo apoio e carinho de sempre!

Abraços,

EQUIPE TRANSFORME



PS: Galera pode deixar lá em casa (HIGS 714 bloco E casa 17 - Asa Sul)

Paulo Sérgio - Tel. (61) 81166240"

Sem a bênção do vovô


A sombra de Jorge Amado: "Minha única preocupação é ser fiel ao seu olhar humanista. Meu avô gostava e acreditava nas pessoas", afirma a diretora Cecília Amado - Niels Andreas/Folha Imagem

Por Elaine Guerini, para o Valor, de São Paulo
20/06/2008


Para não se chatear, Jorge Amado preferia não ver as versões cinematográficas de seus sucessos literários, como "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (Bruno Barreto), "Jubiabá" (Nelson Pereira dos Santos) e "Tieta do Agreste" (Carlos Diegues), entre outros títulos baseados na obra do escritor, ainda hoje o mais popular no Brasil. "Quando o cineasta era seu amigo, aí que ele não assistia mesmo. No fundo, ele odiava as adaptações", conta Cecília Amado, neta do autor baiano que morreu em 2001, aos 88 anos. Saber que o avô dificilmente aprovaria a transposição de "Capitães de Areia" para as telas é o que, ironicamente, deixa Cecília à vontade para traduzir em imagens as páginas do romance publicado em 1937. "Minha única preocupação é ser fiel ao seu olhar humanista. Meu avô gostava e acreditava nas pessoas."

Aos 31 anos, Cecília estréia na cadeira de diretor nessa adaptação do livro que vendeu mais de 5 milhões de exemplares ao redor do mundo, com publicação em 16 línguas. Por "registrar a juventude num estado de liberdade bruto", o livro sobre meninos abandonados que aterrorizam Salvador - mas não passam de crianças sedentas de afeto - foi aquele que marcou a sua adolescência. "A história continua relevante nos dias de hoje. A violência não é tão explícita, partindo para o corpo-a-corpo, mas mascarada, gerada pela desigualdade social", afirma Cecília, que inicia as filmagens entre setembro e outubro na capital da Bahia.

Relançado em março pela Companhia das Letras, "Capitães de Areia" foi escrito quando Amado tinha 24 anos. "Por ser tão jovem na época, obviamente há uma certa ingenuidade no romance, o que o impede de ser traduzido ao pé da letra no cinema." Por essa razão, a diretora preferiu ambientar a trama nos anos 1950, quando a Bahia já estava mais desenvolvida - o que inevitavelmente agravou a questão da violência. O que não muda é o perfil dos personagens, como Pedro Bala, o líder dos arruaceiros, Volta Seca, que sonha se tornar cangaceiro, o malandro Gato, que acaba conquistando a prostituta Dalva, e Dora, considerada uma mãe pelos meninos. "Já o tratamento é contemporâneo e jovem. Há um frescor na linguagem, no visual e na música." A cineasta encarregou Carlinhos Brown da trilha sonora. "Queria uma leitura atual da baianidade."

Para dar autenticidade ao roteiro, que Cecília escreveu com Hilton Lacerda ("Árido Movie"), a diretora busca o elenco nas ONGs de Salvador. A princípio, 90 crianças e adolescentes foram escolhidos entre os meninos de rua que estudam teatro, artes, música e capoeira. E no processo final da seleção, em andamento, 12 serão escalados para os papéis principais e 15 formarão o elenco de apoio. "Fiz tudo de maneira artesanal, para que mesmo os técnicos estivessem envolvidos até a alma com os garotos. Isso precisa estar impregnado no filme", conta a cineasta, que ganhou experiência nos sets de "Batismo de Sangue" (2006), "Jogo Subterrâneo" (2005), "Onde Anda Você" (2004) e "Mauá - O Imperador e o Rei" (1999), como assistente de direção.



--------------------------------------------------------------------------------
Patrícia Pillar, Alice Braga e Lázaro Ramos estão na mira dos produtores para os principais papéis adultos do longa-metragem
--------------------------------------------------------------------------------



O primeiro filme em que trabalhou foi, coincidência ou não, "Tieta do Agreste", inspirado na obra de Amado, no qual Cecília começou como assistente de continuidade. "Na época, a reação do meu avô me surpreendeu", lembra-se. Por mais que toda a família esperasse vê-la enveredando pela literatura, o escritor ficou feliz quando soube de sua paixão pelo cinema. "Ele revelou que tinha pensado em ser cineasta também. Talvez por isso seus romances sejam tão cinematográficos, com tanta riqueza de detalhes na descrição visual dos cenários, dos personagens e das situações."

Por mais que sua intenção seja a de realizar um filme de arte, Cecília acredita no potencial comercial dessa versão de "Capitães de Areia", orçada em R$ 7 milhões. "Por ser o livro mais vendido de meu avô, a adaptação gera um interesse espontâneo. Tanto no Brasil quanto no exterior", diz. O elenco ainda não está confirmado, mas os papéis adultos devem cair nas mãos de atores conhecidos, o que promete atrair mais espectadores aos cinemas nacionais. "Convidamos Patrícia Pillar para interpretar Dora, Alice Braga para encarnar Dalva e Lázaro Ramos para viver o Querido-de-Deus", conta o produtor Bruno Stroppiana, da Sky Light Cinema. Ele lembra que o filme brasileiro de maior bilheteria de todos os tempos também foi baseado na obra de Amado: "Dona Flor e Seus Dois Maridos", que levou mais de 10,7 milhões pessoas aos cinemas.

Tudo isso só reforça a expectativa em torno de "Capitães de Areia", que promete ser uma co-produção com a França e com Portugal. "A produtora francesa Art-Melle e a portuguesa MGN estão interessadas no projeto." Stroppiana comenta ainda que a última adaptação de um livro de Amado, "Tieta do Agreste" (outra produção da Sky Light), gerou cerca de US$ 1 milhão em vendas internacionais. "Segundo pesquisas, o romance 'Capitães de Areia' ainda vende 5 mil exemplares por ano na França, o que é excelente para um título com mais de 70 anos."

Essa não será a primeira adaptação da história dos meninos que não conseguem preencher o vazio existencial por causa do abandono. Talvez a versão mais famosa no país seja a minissérie de TV, exibida pela Bandeirantes, com direção de Walter Lima Jr., em 1989. E a popularidade da obra também se estendeu aos palcos, aos quadrinhos e mesmo ao cinema. Foram várias montagens teatrais, como a adaptação assinada pelo padre Valter Souza, de 1958, em Salvador; a de Carlos Wilson, que circulou pelo Brasil e pelo exterior em diferentes períodos; e a de Roberto Bomtempo, de 2002. "Capitães de Areia" também inspirou espetáculos de dança na Alemanha, em 1971, em Minas e na França, em 1988, e na Argentina, em 1987 - além de virar uma história em quadrinhos, assinada por Ruy Trindade e publicada pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia em 1995.

A versão para o cinema, batizada de "The Sandpit Generals", do americano Hall Bartlet, praticamente não conta - apesar de a produção de 1971 ter conquistado um prêmio importante no Festival de Moscou. "O filme nunca foi exibido em circuito comercial nem no Brasil nem nos Estados Unidos. E ainda revela um olhar estrangeiro sobre a trama", comenta Cecília. "Só alguém que conhece bem o imaginário popular em que a história está inserido pode entender profundamente a obra."


Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 20.06.2008

Lista suja" será publicada na internet

De Brasília
19/06/2008


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não conseguiu operacionalizar a chamada "lista suja" - a divulgação dos nomes de políticos que respondem a diversos processos no Judiciário -, mas a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) se antecipou e deverá levar a proposta a cabo até agosto.

"Eu não consigo enxergar como a democracia pode sobreviver sem informações", afirmou o presidente da AMB, Mozart Valadares Pires. A "lista suja" será divulgada no site da entidade para alertar os eleitores sobre os "políticos pregressos" - condenados no Judiciário. Mozart quer antecipar ao máximo a divulgação da lista para que os eleitores tenham mais tempo de acessá-la até outubro, quando ocorrem as votações de primeiro e segundo turno para prefeito. "Esse é um trabalho que a magistratura vai fornecer à sociedade."

O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, queria viabilizar a lista na página do tribunal, mas a proposta ainda não foi votada. Britto votou a favor da inelegibilidade dos candidatos com condenações na 2ª instância da Justiça, mas foi vencido no TSE que reconheceu que a Lei Complementar nº 64 só veda a candidatura de quem foi condenado em última instância. Agora, ele espera que a "lista suja" seja viabilizada para as eleições de 2010.

Ontem, a AMB lançou a campanha "Eleições Limpas", em parceria entre o TSE. Um dos objetivos é sugerir aos 3.100 juízes eleitorais que participem do Dia Nacional das Audiências Públicas, em 26 de agosto, quando os eleitores serão estimulados a fiscalizar os candidatos e denunciar irregularidades em campanhas. (JB)

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 20.06.2008

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Alienação





Brasileiro não sabe votar!
Quem não ouviu essa frase pelo menos uma vez na vida? Quem nunca proferiu essa frase?
Em sala de aula, uso a frase, e a maioria dos alunos concorda com ela. Então eu questiono: você se inclui nesse grupo de "brasileiros" ou se exclui dele?
Na teoria do conhecimento, a generalização, capacidade de falar com certeza sobre temas que absolutamente desconhece é tida como uma das falhas clássicas de raciocínio.
Entre nós, o clientelismo eleitoral tem raízes culturais históricas, e é uma realidade que a observação empírica confirma: as eleições brasileiras são caracterizadas por intensa negociação de bens materiais, favores administrativos e promessa de cargos. Visto o assunto essencialmente desse ângulo, as pessoas que vendem seu voto, que se tornam alienadas, pertencem às camadas mais carentes da população. Essa é uma visão preconceituosa, pois nos grupos de elite encontramos empresas que terão maiores benefícios se "um" dos candidatos vencer, ou mesmo em setores de classe média, que imaginam maior possibilidade de emprego no serviço público.
Então o que significa saber votar?

Conhecimento e Participação

A pessoa alienada perde a compreensão do mundo em que vive e torna-se alheia a segmentos importantes da realidade em que se acha inserida. Alienar é transferir para outro o que é seu.
Se a Revolução Industrial promoveu a separação entre produtor e produto, determinando a alienação ante o trabalho, também fez nascer, durante o século XIX, um grupo intermediário numeroso, que chamamos de classe média, que veio acompanhado pelo aumento do individualismo, por maior interesse pela vida privada e, portanto, pela diminuição do envolvimento pessoal com as questões públicas e políticas. Isso acontece porque é em casa que a pessoa se sente como "ser humano", é esse o espaço onde sua presença e suas decisões são importantes, ao contrário da situação vivida no trabalho, em que é apenas uma peça de uma engrenagem sobre a qual não tem controle ou poder de decisão. A alienação passa a ser percebida na vida social do indivíduo, com a formação da "sociedade de consumo", expressão que carrega uma conotação negativa, pois esse consumo não depende mais da decisão consciente de cada indivíduo, baseada em suas necessidades e seus gostos, mas torna-se fruto de necessidades artificialmente estimuladas - fica claro que o papel dos meios de comunicação nisso é fundamental. Então a culpa é dos meios de comunicação?
Não é necessário encontrar um culpado, mas entender de que maneira ocorre o processo de alienação, querer buscar suas raízes e compreendê-lo significa deixar de ser alienado. Os meios de comunicação podem contribuir para esse processo de conscientização ou são apenas elementos alienadores?
Outra característica do consumismo é o fortalecimento do individualismo, que se manifesta, por exemplo, quando o valor de alguém lhe é dado pelos bens que possui, desprezando outros valores, como a ética ou seu comprometimento social. Percebemos essa situação com o aumento da discriminação às pessoas mais pobres, principalmente nos grandes centros urbanos, onde é comum ouvir reclamações "do carro velho que atrapalha" ou insinuações de que "o indivíduo malvestido pode ser um assaltante". Ao mesmo tempo, líderes sociais são ridicularizados por que perdem seu tempo. Quando o tempo é ganho? De que forma o tempo é mais bem aproveitado? Ao dormir durante a tarde, o tempo é aproveitado? Ou é melhor ficar estudando? Talvez seja melhor utilizar o tempo para ganhar algum dinheiro? Poderíamos propor outras questões, mas a resposta é a mesma! O melhor é...
Que resposta caberia a todas essas perguntas?


Texto publicado no jornal HISTÓRIA EM MANCHETE

PS: Agradecimentos ao site Brasil Cultura onde publicou esse texto

Meu nome era JUDAS




RESENHA

O escritor C.K. Stead propõe uma polêmica alternativa ao Novo Testamento ao contar a história de Jesus pelo ponto de vista de Judas Iscariotes. Nesta versão não há traição, não há beijo, não há divindade, não há milagres, não há suicídio. A história de Judas
é a de um homem que ousou ir contra a tradição de sua família para abraçar a causa que lhe parecia verdadeira. Depois, testemunha do suplício de Jesus, ele sente perder a esperança quando ouve seu desabafo na cruz: ”Senhor Deus do Céu, por que me abandonaste?”. Décadas mais tarde, tendo renunciado a seu nome, a seu povo e a sua fé, Judas acompanha as notícias sobre a nova religião cristã que então desponta, cujos seguidores insistem em chamá-lo de traidor.

Editora: Arx
ISBN: 9788575812686
Ano: 2007
Edição: 1
Número de páginas: 240
Acabamento:
Brochura
Formato: Médio
Complemento da Edição: Nenhum

Compre o Livro

quarta-feira, 18 de junho de 2008

CHARGE DA SEMANA




Fonte: Jornal "Brasil de Fato" de 18.06.2008

"Leões e Cordeiros" Download via torrent


Sinopse

Arian (Derek Luke) e Ernest (Michael Peña) são dois alunos universitários inspirados por seu professor cheio de ideais, Dr. Malley (Robert Redford). Desejando fazer algo de importante em suas vidas, resolvem se alistar no Exército e entrar na linha de fogo no Afeganistão. O filme acompanha as histórias pessoais desses dois personagens, que representam dois lados opostos da sociedade norte-americana. Além disso, em Washington D.C., o senador Jasper Irving (Tom Cruise) – carismático candidato à presidência dos EUA – está prestes a contar uma história bombástica à jornalista Janine Roth (Meryl Streep), a qual pode determinar para sempre os destinos de Arian e Ernest.

Elenco e créditos

Elenco:

Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Peter Berg e Derek Luke

Direção: Robert Redford
Produção: Matthew Michael Carnahan, Tracy Falco, Andrew Hauptman, Robert Redford
Fotografia: Philippe Rousselot
Trilha Sonora: Mark Isham

Crítica por Celso Sabadin

Provavelmente, a maioria das pessoas ainda não parou para pensar que o conflito entre EUA e Iraque já dura mais que a Segunda Guerra Mundial. E certamente não vai terminar tão cedo. É justamente este o maior mérito do filme Leões e Cordeiros: fazer com que as pessoas parem e pensem: no absurdo desta guerra fabricada, na função de cada indivíduo dentro da sociedade e no papel da mídia. Dirigido e protagonizado por Robert Redford, Leões e Cordeiros propõe exatamente o contrário da maioria dos filmes norte-americanos: pensar. O que é coerente com a longa carreira de Redford, sempre associada a trabalhos ligados a causas políticas e humanitárias.

O belíssimo roteiro do quase estreante Matthew Michael Carnahan (anteriormente, só havia roteirizado O Reino, com Jamie Foxx) propõe três situações distintas, desenvolvidas em três locais diferentes, mas ao mesmo tempo. Na primeira, passada em Washington, a conceituada jornalista Janine (Meryl Streep) consegue uma entrevista exclusiva de uma hora de duração com o jovem senador Irving (Tom Cruise). Na segunda, ambientada na Universidade da Califórnia, o experiente professor Malley (Redford) também concede uma hora de conversa, a portas fechadas, com o jovem Todd (Andrew Garfield), aluno brilhante, mas totalmente desmotivado. Na terceira, ocorrida em algum lugar do Afeganistão, os soldados Ernest (Michael Peña) e Arian (Derek Luke) lutam desesperadamente pela sobrevivência.

Estas três situações vão se entrelaçando no decorrer da trama para formar um instigante painel da sociedade americana, no qual se vêem claramente representados o jornalismo, a política, o exército, a escola, a juventude classe média alta e a menos favorecida. Todos discutindo, basicamente, duas questões perturbadoras: o que significa esta guerra contra o Iraque e qual é, afinal, o papel de cada um dentro desta insanidade.

Como se percebe, Leões e Cordeiros não é um mero entretenimento. Bastante verbal (a primeira idéia do roteirista era escrever uma peça de teatro), exige atenção plena do espectador, mas recompensa o esforço com diálogos brilhantes, uma ótima discussão política e interpretações memoráveis. Até Tom Cruise, no papel do político empertigado, se sai bem.

O filme não se propõe a apontar respostas, mas sim a incomodar com as perguntas. O que é muito mais interessante e provocativo tanto para quem gosta de cinema como para quem não dispensa uma boa argumentação para um dos temas mais absurdos dos últimos anos: os US$ 12,5 milhões por hora (é isso mesmo, por hora!) que a Casa Branca gasta na Guerra do Iraque.

Veja e pense.

Fonte: "Yahoo! Cinema"

Download Filme e legenda (torrent)

Mídia e Mílicia


16/06/2008

Ivana Bentes


É grave um jornal ou jornalistas serem chantageados, torturados, tolhidos em sua função de investigar, mas ninguém se pergunta porque na ficção a novela das oito que terminou, Duas Caras, mostrava uma favela bem resolvida sob o comando de uma “milícia do bem”, romantizada e glamourizada na figura de Antonio Fagundes, o Juvenal da Portelinha, líder da “milícia legal” que seriam “diferentes” dos milicianos que torturaram e expulsaram jornalistas da favela do Batan, em Realengo, aqui no nosso Rio de Janeiro.

Mas afinal o que tem em comum a Mídia e a Milícia? Não podemos esquecer que a mídia hoje é uma espécie de “primeiro comando simbólico da capital”. É identificada como um lugar de poder, que pode se usar tanto para aprofundar a democracia quanto para golpeá-la. Não só a milícia pratica a ilegalidade, como também a própria mídia, hoje, atua nessa zona obscura entre o legal/ilegal, ético/anti-ético, utilizando métodos policiais como as câmeras escondidas e grampos telefônicos, nas suas “investigações”, nem sempre neutras ou desinteressadas.

Essa invasão da privacidade, segundo o contexto, pode ser tão grave quanto outras aberrações, como a tortura. A sociedade deve questionar tanto os métodos policiais quanto os midiáticos, colocar em questão o corporativismo da polícia, da mídia e da milícia.

A importância dada ao debate acerca da segurança dos jornalistas e da liberdade de imprensa não deveria obscurecer a crueldade da disseminação da tortura policial, real ou simbólica, subjetiva. Práticas de ostentação de poder que podem afetar qualquer um.

Quando a vítima de tortura é o cidadão comum, que não faz parte dos círculos do poder simbólico, como os jornalistas, não encontramos o mesmo nível de indignação. Pouco se fala sobre o morador que também sofreu com os atos de tortura e se encontra desaparecido. Na mídia, a fonte primordial de informações sobre as favelas, ainda é a própria polícia, o que só complica, quando a policia se mistura com as milícias ou a mídia virá lugar de negociação e produção de crise e de poder.

MIDIATIVISMO e MIDIA LIVRE

Daí a importância dos novos produtores de mídia, midiativistas e midialivristas, que produzem uma outra comunicação sobre as favelas e periferias, deslocando os discursos do medo e do terror que simbolicamente exilam a favela e criam um estado de exceção, real e simbólico.

É ai onde a mídia tradicional não consegue entrar que se deve fortalecer essas redes, blogs, sites, observatórios, “Pontos de Mídia”, como o Observatório de Favelas da Maré, a CUFA (Central Única das Favelas) em Cidade de Deus e em favelas no Brasil todo, o Nós do Morro, no Vidigal, centenas de coletivos de mídia em todo Brasil. Redes que neutralizam o terror e o medo, que criam uma inclusão subjetiva das favelas e periferias na comunicação da cidade, neutralizando o clima de terror que abole o direito de enunciação.

Entre esses novos fazedores de mídia, uma das experiências mais singulares é o CANAL** MOTOBOY, em que os motoqueiros fazem a emissão de vídeos, fotos, imagens e texto por celular de toda a grande São Paulo, durante sua jornada de trabalho ou lazer. Vão mapeando a cidade, seu fluxo, sua deriva, seus bons encontros e também terríveis acidentes de moto e carro (condições adversas de trabalho), mapeando vias e vidas, viadutos, jardins, automóveis, pessoas e paisagens. São os Motoboys de SP fazendo mídia e formando para mídia, o exemplo mais radical de autonomia e liberdade pela mídia.

O Canal Motoboy, o Nós do Morro, CUFA, Cubo Vídeo, Observatório de Favelas, Festival Visões Periféricas, Oficina de Imagens, professores, estudantes, jornalistas, midialivristas, radialistas, produtores de audiovisual, fazedores de políticas públicas estiveram reunidos no I Fórum de Mídia Livre, que aconteceu nesse fim de semana, dia 14 e 15 de junho de 2008 na Escola de Comunicação da UFRJ.

São os nós da rede se ativando e despertando para um contexto radical em que a mídia explode com o corporativismo e se torna biopolítica, se torna vital.

LINKs


http://forumdemidialivre.blogspot.com

http://www.zexe.net/SAOPAULO/



Ivana Bentes

Capturas

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Corvo


Edgar Allan Poe (Boston, 1809 – Baltimore, 7 de Outubro 1849)


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."


Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!


Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais."


E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.


A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.


Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."


Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um Corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nenhum momento,
Mas com ar sereno e lento pousou sobre os meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.


E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho Corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o Corvo, "Nunca mais".


Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".


Mas o Corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento,
Perdido murmurei lento. "Amigos, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais."
Disse o Corvo, "Nunca mais".


A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas suas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entorno da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".


Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu’ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".


Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!


Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o Corvo, "nunca mais".


"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, e esta noite e este segredo
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".


"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida, se no Éden de outra vida,
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".


"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo", eu disse. "Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".


E o Corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda,
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais.
E a minh’alma dessa sombra que no chão há de mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!


* trad. Fernando Pessoa - 1924

segunda-feira, 16 de junho de 2008

45 do Segundo Tempo


16/06/2008 18:11:38


Sócrates, ex-craque do Corinthians e da seleção brasileira sempre considerou que seu papel de homem público ia além das quatro linhas. Dono de um estilo elegante em campo, destacou-se como um dos principais idealizadores do movimento Democracia Corintiana, que lutou contra hábitos autoritários no futebol.

CartaCapital: Houve alguma mudança tática substancial no futebol desde a Copa de 1994?

Sócrates:
Tática, não. Houve uma evolução física dos atletas. O jogo foi ficando mais feio, com maior contato físico, menos tempo para pensar. Ocorreu uma desvalorização do talento, da habilidade. Na verdade, é um esporte em extinção.

CC: Por quê?

Sócrates:
O futebol sempre foi fascinante por não premiar a regularidade, por permitir que um time mais fraco ou menos preparado vença. Onde há espaço para o acaso, o incidente. Mas daqui a pouco, do jeito que as coisas caminham, não será mais assim. Todos serão iguais e nem os “acidentes” ocorrerão mais. Por que, se todo mundo se preparar para o óbvio, os riscos de uma adversidade diminui e o jogo vai ficando mais chato. Hoje em dia, torce-se para o trapezista cair. Raramente vê-se uma jogada de talento, de habilidade. Mas, quando ela ocorre, costuma ser decisiva.

CC: Aumentar o campo ou diminuir o número de jogadores faria diferença?

Sócrates:
Acho que se poderia reduzir o número de jogadores para nove. Mas acho improvável que ocorra essa mudança. Em comparação com os anos 70, quando, acredito, o futebol atingiu o pico de qualidade técnica, houve uma brutal evolução física. Os jogadores, há 30, 40 anos, corriam 4 quilômetros por jogo. Hoje correm mais de 12 quilômetros.

CC: O futebol inglês parece um paradoxo, diante dessa realidade. Melhorou tecnicamente, atrai público e, neste ano, dominou a Copa dos Campeões na Europa. O que acontece lá?

Sócrates:
O futebol inglês fez o percurso que outros tinham feito antes. Era o mais feio, violento e irracional. No fim dos anos 80, mudaram tudo. Tiveram coragem de mexer nas estruturas: nos clubes, no estádios, na polícia. Lá o futebol deixou de ser foco de conflitos e virou casa de espetáculos. Saíram do fundo do poço porque antes não jogavam futebol. É como o São Paulo atual, que parece um time inglês de 30 anos atrás, o cara que cruza a bola 50 vezes por minuto na área. Os ingleses puseram a bola no chão. Por isso são exceção. No continente europeu, está todo mundo caindo. Os italianos foram os primeiros a instituir a idéia do futebol como negócio, mas não conseguiram sustentar essa estrutura. O fluxo de torcedores aos estádios por lá caiu 40% nos últimos anos.

CC: Há algo de especial nessa geração atual do futebol brasileiro?

Sócrates:
O jogador brasileiro é diferente, por princípio. Sempre vai ser especial. Isso tem a ver, entre outras coisas, com a miscigenação, com as fibras longas dos nossos atletas. O maior problema é de formação. Isso está cada dia mais claro, até para quem não entende de futebol. Trabalhamos muito mal a base. Não temos escola de treinadores, não há a menor preocupação com a formação intelectual dos indivíduos. Quanto à qualidade, ela caiu. A responsabilidade é da influência do poder econômico, que seleciona um tipo de jogador mais fácil de ser negociado ao exterior, com certas características que, em geral, não estão relacionadas ao talento. Uma escolha burra, no fim. Tem atleta negociado ao exterior que não sabe dar um passe. Se ficasse um mês na Bahia, garanto que encontraria ao menos uns 20 garotos muito melhores do que a maioria dos titulares dos principais times do Brasil. Por que esses moleques não estão nos gramados? Porque não foram descobertos por quem faz a intermediação. Não se busca mais o jogador diferenciado.

CC: Por falar em diferenciados, ou diferentes, o que se passa com o Ronaldinho Gaúcho?

Sócrates:
Continua tendo o mesmo talento de antes. O que mudou foi a sua relação com o público do Barcelona. Há uma fase em que, como no caso do cantor, tudo que se faz, mesmo os erros, são aplaudidos pelos fãs. Mas o beneplácito acaba quando a paixão acaba. E é muito difícil reconquistar, precisa ter estrutura emocional. Durante dois anos, tudo que o Ronaldinho tentava, dando certo ou errado, era aplaudido. Não que não possa ocorrer novamente, mas hoje ele não tem mais coragem de tentar para não ser criticado. Seu desempenho está muito abaixo do que foi nas últimas temporadas. Acredito que, se lhe derem oportunidade, ele vai fazer as mesmas coisas de antes ou até melhor. Sendo massacrado, ele não vai conseguir manter o nível, que, eventualmente, está mais na fantasia do torcedor do que na sua real habilidade.

CC: E o Fenômeno?

Sócrates:
Desde que o Ronaldo foi para a Holanda, colocaram uma sobrecarga muito grande sobre ele. Basta ver a sua massa muscular de quando jogava no Cruzeiro e depois de ir para a Europa. Aí não tem ligamento que agüente. Quando o Ronaldo fez a primeira cirurgia do tendão, um especialista, de quem não posso citar o nome, por questões profissionais, contou-me que o outro tendão já estava na mesma situação. Ou seja, era uma questão de tempo estourar também. E foi o que aconteceu. Acabaram com a estrutura física dele. É um típico caso de absurda exploração de imagem. Acabaram com o atleta, com o artista, com o ser humano.

CC: De volta ao assunto da formação dos atletas: há alguma iniciativa pública relevante?

Sócrates:
Ninguém quer discutir isso. Todo jogador de futebol tinha de ter, no mínimo, nível médio de educação. Para o moleque nascido na periferia, uma das poucas possibilidades de ascensão social no Brasil é virar jogador de futebol. Se o ídolo dele, se o cara que ele ouve sempre, nunca se preocupou com isso, nunca estudou, por que ele vai estudar? O garoto descarta de cara. Só que, dos milhares que sonham em virar profissional, uma centena, e olhe lá, consegue. E o resto? Na verdade, estamos estimulando a marginalização de boa parte da população. Porque os jogadores são referência em tudo neste País. Se moralizarmos o futebol, diminuirmos ou chegarmos perto da extinção da corrupção, da manipulação de resultado, vamos mexer em toda a sociedade, pois o futebol é o que unifica o Brasil. Por que um País tão díspar culturalmente nunca teve nenhuma manifestação séria separatista? Como é que o nordestino conversa com o gaúcho? Ele tem de ter uma linguagem uniforme. Eu acho que uma das linguagens mais presentes, mais importantes, é a do futebol. É a única bandeira nacional. Temos de usar esse meio, esse mecanismo, como fator predominante de mudança.

CC: O que acha que deveria ser feito de imediato?

Sócrates:
Primeiro, ter maior participação e controle do Estado. Acho um absurdo a manutenção de uma estrutura que não presta contas ao poder estatal e que mexe com tantos símbolos, como a bandeira, o hino, as cores do País. Nada se move pelo interesse nacional. Diga-me um único gesto de promoção da atividade física, do esporte, patrocinado pela Confederação Brasileira de Futebol, a não ser aquelas enganações de campeonatos de favela? Uma entidade que fatura 80 milhões de dólares por ano e investe 100 mil reais.


CC: O Brasil terá algum ganho com a Copa de 2014?

Sócrates:
Não acredito. Teremos uma festinha de um mês, depois vai sobrar um monte de trambolho que ninguém saberá como manter. Veja o que aconteceu com as instalações do Pan. O estádio Engenhão, que custou mais de 300 milhões de reais, foi alugado ao Botafogo por 29 mil. E o pior: a população, que deveria ser a maior beneficiária, não usa. No caso da Copa de 2014, multiplique por dez as parafernálias do Pan. Vai ser isso. E com dinheiro nosso, não tenha dúvida. Até agora ninguém mexeu uma palha para organizar o evento. Quando chegar 2011, 2012, farão tudo de última hora. Aí fica sem controle, né, de um jeito bem conveniente (risos). Países sérios estariam com tudo planejado. E ainda querem fazer uma Olimpíada aqui.

CC: O Michel Platini (ex-jogador, atual presidente da Uefa) propôs limitar o número de jogadores estrangeiros em times europeus a cinco por jogo. O que pensa a respeito?

Sócrates:
É absurdo um órgão esportivo tentar meter o bico em decisões que cabem a países. Se a Inglaterra decidir não ter nenhum inglês em campo, o problema é da Inglaterra, é política de Estado. O que a Uefa tem a ver com isso? É muita pretensão.

CC: Você gosta do trabalho do Dunga à frente da seleção?

Sócrates:
Não vejo nada de mais. Acho incoerente, por exemplo, ele dizer que se preocupa com as Olimpíadas, mas a preparação ser tão ruim, quase nula, como tem acontecido.

CC: O Dunga é mais um técnico linha-dura, dentro da tradição autoritária do futebol e do Brasil, não?

Sócrates:
Sim. No Brasil, os técnicos promovem a política estrutural dos clubes. Em geral, chega, manda dez embora, contrata outros dez, vai embora em pouco tempo e quem fica com o prejuízo é o time. Como se permite que isso aconteça? Por que toda a estrutura ligada ao futebol é mal construída, não há ninguém comprometido pensando a longo prazo. Veja o Alex Ferguson (treinador do Manchester United). Ele não é um simples técnico. É um cara do clube, está ali há 30, 40 anos. Está mais para um gestor que também faz as vezes de treinador. Não há nada parecido no Brasil. O cara fica um ano no clube, recebe uma proposta melhor e tchau. Como é que vai promover a política de uma instituição com a qual não está comprometido? Por outro lado, como alguém vai se comprometer se não tem estabilidade? No fundo, o gestor tem de ser tratado como sócio.

CC: A má-formação dos atletas leva a um gosto por técnicos autoritários? Apreciam o “professor”, o “comandante”...

Sócrates:
Há muitos jogadores que gostam disso, pois, quanto mais protegidos, mais besteiras podem fazer. Melhor um ditador do que alguém que dê liberdade. É aquela história: o que o cara vai fazer com a liberdade? A idéia de Democracia Corintiana era dar responsabilidade a todo mundo. Liberdade com responsabilidade, virar gente, homem, cidadão. Alguém imagina um cirurgião cardíaco dormir no hospital para operar no dia seguinte? Por que é preciso a concentração no futebol? É uma relação arcaica. Por exemplo: por que os clubes não fazem contratos com jogadores e treinadores relacionados a resultados? Em vez de altos salários fixos, bônus, cotas. Mas aí os caras pegam um moleque e pagam alto. O sujeito tem 10 anos e já ganha 60 contos por mês (risos). Passa a receber sem a necessidade de produzir à altura, de forma a justificar o ganho. O cara sai da base para o topo da pirâmide em um piscar de olhos sem produzir nada. É absurdo, cria-se um musgo social.

CC: O Brasil um dia vai aproveitar a constante safra de jogadores para tornar o futebol um negócio de sucesso aqui?

Sócrates:
Como quase tudo no Brasil, no futebol se vende commodity. Não nos preocupamos em industrializar. Tem produto mais importante no futebol do planeta do que o jogador brasileiro? A gente tem mania de vender o artista e não a arte dele, o que é burrice. Vende cacau e compra chocolate. Mandamos o jogador para a Itália, a Espanha, a Inglaterra e depois compramos a transmissão televisiva desses campeonatos. É o que dá a falta de gestores, de pessoal comprometido com o negócio. Alguém competente mataria a pau. Vou dar um exemplo familiar de como funcionam as coisas no futebol. Meu filho Gustavo é advogado e atua na área de futebol. Uma vez ele escreveu um artigo na imprensa sobre o caso da transferência do (lateral) Rogério do Palmeiras para o Corinthians. Era o início da Lei Pelé e, se quisesse, o Palmeiras não pagaria nada, mas a diretoria perdeu o prazo de contestar o contrato. O Palmeiras decidiu processar o Gustavo por causa desse artigo. E o que aconteceu? Eles perderam o prazo para dar prosseguimento ao processo contra o meu filho (risos).

Fonte: Revista "Carta Capital" de 13.06.2008

domingo, 15 de junho de 2008

"Mensageiro" Instrumental



Puro solo de violões, e um maracá de fundo apenas marcando o compasso de baile. Gravação realizada por George Washington Gomes de Souza, neto do do Padrinho Wilson, no estúdio em Votorantim (Carlos Flora), no ano 2001. Ideal para sessões de concentração ou acompanhamento de pessoa que esteja necessitando de tratamento terapêutico intensivo. A primeira vez em que fiz uma concentração com acompanhamento de uma gravação assim instrumental foi quando o Padrinho Luiz Mendes presidia o CICLU, e fizemos audição de "O Mensageiro" com teclados e sanfona, e foi muito forte a sessão. Hoje em dia devido à poluição sonora da vizinhança de muitos centros, tornou-se praticamente impossível realizar concentrações nos moldes antigos. Gravações como esta são de auxílio seguro . Já vi também, certa vez, após cantar o Germano e a primeira parte do Cruzeiro, no Alto Santo, fazer a segunda parte bailando com instrumentos mas sem canto. Uma espécie de concentração bailada, onde só se cantavam o 95 (Mensageiro) e os hinos novos (do 117 em diante). Parece ser um outro exercício com o Daime, o de voltar-se para si próprio, o que é com certeza producente.

Download.

O Mensageiro (Instrumental) - hino 1 a 25
O Mensageiro (Instrumental) - hino 26 a 49
Agradecimentos
http://hinarios.blogspot.com/

sexta-feira, 13 de junho de 2008

UMA CRÔNICA SOBRE FUTEBOL E ORGANIZADAS MODERNAS NO RIO


por Asclê Junior

- Aí, Serginho! Mê dá um “Cortezano e uma Skol!” – chegou Jorjão, batendo no balcão da birosca, com um largo sorriso no rosto.

- Pô, Jorjão, a Skol tá quente... a moçada do samba ontem barbarizou aqui. Tava bom pra caramba. – respondeu Serginho, tirando o suor da testa com uma mão e com a outra segurando a porta do “freezer” horizontal.

- Ah, por isso que a Norminha não tá na área hoje, né? E qual a “cerva” que tem aí? – disse ansioso, Jorjão.

- Tem “Brahma”, “Nova Schin”, “Antártica” e “Kaiser”!!! – falou Serginho, já servindo o “Cortezano”. – “Vai a “Nova Schin” mesmo?!?

- Formou, Careca! – disse categoricamente, Jorjão, com o copo de líquido vermelho-coral na mão. – Pô, Serginho, e o teu Botafogo, hein? Tá uma piada aquela moçada, viu? O meu tricolor é que tá bem... – afirmou olhando para as paredes do bar, cheias de “posteres” do Botafogo, assim como outros apetrechos. E continuou: - Vamos tomar o Maraca na quarta-feira... o tal Boca vai tremer! E você sabe por quê, Serginho? A “Young Flu” não deixa outra torcida em pé... Ninguém se cria com a gente.

Era um ensolarado domingo em Realengo, Rua Capitão Teixeira, ao lado do açougue, aonde ficava o bar, já havia sido uma casa antiga, da avó do Serginho. Normalmente, sua esposa, Norminha, quem cuida do ponto, mas era domingo e no dia anterior um grupo de samba havia estado por lá, motivo que Norminha estava descansando, já que fechou o estabelecimento às 04:30 da manhã. Como fazia sol com uma temperatura de 38 graus, Serginho não ia perder a oportunidade de obter algum lucro com “aquela lua”.

Seu Geraldo, que bebia sua “Brahma” e pesticava um ovo cozido, apenas observava e ria. Embora o tempo fosse generoso com ele, o mulato com mais de 70 anos, apresentava todas as marcas de uma vida bem-vivida, como ele próprio afirmava. Era um famoso botafoguense, que freqüentava a birosca do Serginho, justamente pelo dono ser torcedor do Botafogo também. Com um sorriso no canto da boca, resolveu entrar no assunto e foi logo dizendo:

- Jorjão, deixa de besteira!!! Antigamente a gente ia no estádio e todo mundo era amigo... Poxa, posso dizer que vou ao Maracanã desde a sua fundação e não tinha essa bagunça... quando o jogo acabava, todo mundo bebia cerveja junto, ou no bar do próprio estádio, ou do lado de fora. Entendeste?

- Numa boa, seu Geraldo, antigamente não tinha torcida como tem hoje. Hoje em dia damos show!!! Cantamos músicas, levamos fogos, temos coreografias... antigamente o pessoal nem ia com a camisa do time. – retrucou de forma exaltada, Jorjão.

- Mas antigamente não tinha essa pancadaria de hoje, não tinha tiroteio, nem antes, nem depois. O pessoal ia pra torcer pro seu time e no máximo era só zoação. Pra você ver: teu time em 57, perdeu de 6 X 2 do Botafogo, saímos do estádio e fomos beber cerveja juntos. – afirmou Geraldo com convicção.

- Ah, se fosse hoje, ia ter porrada, porque eu não agüento zoação... Mesmo ganhando, os “cara” têm que sair com cabeça baixa perto de mim.

- É por isso que não piso mais no Maracanã. – respondeu Geraldo – Com essa bagunça, melhor não ir. Temo até pela vida de meus netos quando vão lá. Ano passado morreu um garoto perto do estádio, você acha que isso é torcer?

- Acho! – Respondeu agressivamente Jorjão.

- Pois é, você paga pra organizada? Quanto é? – indagou Geraldo.

- Pago sim, pago pouco... uns 20 reais por mês pra pagar meia no estádio, já que o clube dá os ingressos pra gente! – respondeu mais calmente Jorjão

- Mas você é sócio de teu clube? – perguntou novamente Geraldo.

- Não. – disse Jorjão.

- Você pelo menos tem o plano de saúde da UNIMED, que patrocina o tricolor?

- Não, o meu é o do meu pai... acho que é Sulamérica. – respondeu intrigado, Jorjão – Mas por quê, Seu Geraldo?

- Poxa, meu filho, você não ajuda o teu time, nem o patrocinador, mas contribui à torcida organizada. Só falta você me falar que a camisa é comprada no camelô? – devolveu Geraldo.

- Pô, Seu Geraldo, tenho 21 anos, tô fazendo o supletivo, ganho um salário mínimo e meio, tenho que dar a pensão do meu garoto, que tá com 4 anos e vai pro colégio todo dia e tem que sobrar um dinheiro pra eu poder curtir, como vou comprar uma camisa de 160 contos? – reclamou Jorjão.

- Por que a torcida não monta um time? – perguntou Geraldo, fazendo pilhéria.

- Ah, sei lá, Seu Geraldo! – respondeu sorrindo Jorjão.

- Mas nisso tudo tem uma verdade, você acha que tá ajudando o teu time? Você acha que o Fluminense tá sendo ajudado por vocês? – Geraldo continuou perguntando.

- Claro, né, Seu Geraldo?!?!?!? – disse Jorjão, abrindo os braços e sorrindo.

- Serginho, me dá a conta! Tem gente que é besta mesmo... – disse Geraldo, se voltando para Serginho e piscando o olho.

- Peraí, Seu Geraldo! O senhor já vai? Hahahahahahahaha... o senhor é gente boa, mas tá ultrapassado. – disse Serginho jocosamente.

Geraldo terminou seu copo, saiu da birosca e, de costas, levantou os braços, mostrando sua insatisfação pelo seu último comentário.

Na quinta-feira seguinte, Geraldo compra o jornal "O Dia" e, de cara, lê a seguinte manchete: TORCEDOR DO FLUMINENSE É ASSASSINADO ANTES DE CHEGAR NO MARACANÃ. Abaixo continua: Jorge Luiz do Nascimento, 21 anos, morador de Realengo, na Zona Oeste, foi encontrado morto a tiros na Praça da Bandeira. Testemunhas afirmam que houve encontro da torcida “Young Flu” com a rival “FJV” no local, duas horas antes de jogo no Maracanã. - Geraldo, com o jornal em uma das mãos, levanta os dois braços, como fez a última vez que encontrou o agora finado Jorjão.

Sugestão: "Justiça para Todos - Edição de Luxo" - DVD


Edição de Luxo" - EUA - 1979. Dir.: Norman Jewison

13/06/2008


AAA Excepcional / AA+ Alta qualidade / BBB Acima da média / BB+ Moderado / CCC Baixa qualidade / C Alto risco


Distribuição: Sony / AA+



"Justiça para Todos" está para a carreira de Al Pacino como uma espécie de "Serpico" do sistema penal. O protagonista Arthur Kirkland é um advogado idealista de Baltimore perdido numa teia de negociações escusas - vivendo no limite do estresse moral, portanto. O dilema encontra seu clímax no momento em que Kirkland se vê diante de um júri, defendendo justamente aquele que é o seu maior inimigo do meio jurídico, o corrupto juiz Henry Fleming (John Forsythe). Clássico do subgênero "tribunal", o longa retorna acrescido de cenas excluídas e material bônus, incluindo making of e comentários de Norman Jewison ("No Calor da Noite") e do roteirista Barry Levinson. A antológica cena final rendeu a Pacino uma de suas oito indicações para o Oscar.

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 13.06.2008

O cotidiano em um país miserável


Reuters
Grávida vende manga na favela de Cité Soleil, em Porto Príncipe, a capital do Haiti, o país caribenho mais pobre do hemisfério ocidental


Por César Felício, de Porto Príncipe
13/06/2008


A miséria e o colorido intenso se entrelaçam e se explicam em Porto Príncipe, a capital com cerca de 2 milhões de habitantes do país caribenho considerado o mais pobre do hemisfério ocidental. As escolas públicas praticamente inexistem no Haiti. As particulares cobram mensalidades que podem ultrapassar facilmente os US$ 100, em um país onde o salário mínimo é de US$ 1,80 por dia.

A conseqüência direta é a taxa de analfabetismo de 48% da população. E o drible dos haitianos em busca da sobrevivência está nos muros e nas paredes das casas de bairros como Delmas e Cité Soleil: é raro encontrar uma loja que não esteja toda pintada para permitir a comunicação visual. Onde se desenha uma mulher sendo penteada, lá é o cabeleireiro. Um porco ou uma galinha indicam um açougue e assim por diante.

As ruas que levam à parte alta de Porto Príncipe, onde mora cerca de 20% da população que está acima da linha da pobreza, estão travadas por um congestionamento permanente. A razão não é o excesso dos carros em mau estado de conservação, alguns com o cinto de segurança colocado de modo a segurar a porta, mas a falta de tudo. Não há calçadas que separem pedestres e carros nem semáforos a ordenar os cruzamentos. Em dois dias inteiros circulando pela cidade, apenas dois sinais de trânsito foram avistados.

O palácio do governo, um colosso branco plantado no centro da cidade, chega a ofuscar os olhos ao refletir o sol. Está em frente de uma grande praça, o Campo de Marte, e cercado por camelódromos e casebres coloridos. O bem-estar haitiano está a muitos quilômetros dali. O subúrbio de Petionville é normalmente descrito como o bairro da elite na capital haitiana, mas nem remotamente pode ser comparado a locais como os Jardins, em São Paulo; o Leblon, no Rio; ou o Lago Sul, em Brasília. No alto de colinas onde a vegetação inexistente nas regiões centrais da cidade se faz presente, Petionville entremeia favelas com núcleos acastelados, espécie de condomínios onde um punhado de casas de alto padrão é mantido isolado.

Um deles é o criado em torno do Hotel Montana, o melhor do Haiti, que cobra US$ 5 por dia dos hóspedes para financiar o uso dos geradores de energia elétrica. Os proprietários, a família Cardozo, é renomada como a mais rica do país. Quase anexos ao hotel estão os escritórios de vários órgãos internacionais, a embaixada britânica e residências de diplomatas.

Outro núcleo, longe de Petionville, é o que gravita em torno da embaixada americana, em Tabarre, a meio caminho entre o centro da cidade e o quartel das tropas da ONU no país. Na mesma direção fica o solitário orgulho industrial haitiano: a cervejaria Brana, da família Madsen, associada à Pepsi, que produz a Prestige, uma lager com acentuado sabor de cereal.

Substituídos a cada seis meses, em média, os soldados brasileiros são orientados a se entrosar com a população. Organizam peladas no fim de semana, distribuem bombons em favelas como Cité Soleil e Belair e até ensinam palavras em português quando abordados. No entanto, o crescimento do clima da hostilidade da população é percebido com clareza. "Passei uma temporada em Angola e agora no Haiti. A pobreza é a mesma, mas as pessoas não. Aqui acontecem crueldades inacreditáveis. As pessoas não têm Deus no coração", comentou um devoto fuzileiro naval, que patrulha as ruas carregando 15 quilos de apetrechos na farda.

Na distribuição de comida organizada pelo Exército em Cité Soleil, assistida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e convenientemente distante da feira de alimentos de Porto Príncipe - realizada em uma espécie de lixão, a "cozinha do inferno" -, os militares brasileiros separavam dois blocos: um ajuizadamente na fila aguardava para receber um saco com fubá, óleo de soja, peixe seco e arroz. O outro cercava o local e reclamava por não ter recebido a senha para entrar. Na saída de cena dos jornalistas, aproveitaram para gritar frases como "tenho fome" e "quero comer". Grávida, uma garota com cerca de 14 ou 15 anos ainda falou "Brésil" e acompanhou a menção com um gesto obsceno.


Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 13.06.2008.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

UDV - Centro Espírita Beneficente União do Vegetal



O Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, fundado em 22 de Julho de 1961, surgiu em um seringal da Amazônia boliviana, criado pelo seringueiro José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, tendo por objetivo "transformar o ser humano no sentido de desenvolver as suas virtudes morais, intelectuais e espirituais sem distinção de credo, cor, nacionalidade, escolaridade e nível econômico". Hoje, a União do Vegetal conta com uma estrutura administrativa de 76 núcleos distribuídos em 11 regiões brasileiras. São aproximadamente 6000 sócios, distribuídos por quase todas as capitais e cidades importantes do país. Em processo de crescimento, a UDV atualmente tem também núcleos no exterior.
O site apresenta uma área dedicada ao estudo, divulgação de conhecimento e discussão sobre o chá hoasca (ayahuasca), utilizado ritualmente nas sessões da UDV, incluindo um histórico dos congressos realizados pelo Centro de Estudos Médicos da UDV, além de uma biografia do Mestre Gabriel. O site disponibiliza a versão integral do manifesto "Espírito, Natureza e Ser Humano", lido no Fórum das Religiões da Conferência Mundial do Meio Ambiente (ECO-92).


http://www.amazonia.org.br

Lojas Virutais de Bandidos que Atuam na Internet

No Brasil, o crime compensa: a pena para estelionatário varia de 1 a 5 anos e não precisa devolver o dinheiro aos lesados. Além disso, o infrator pode ter prisão domiciliar.

Eis a relação das lojas onde são aplicados golpes na internet : os preços são altamente competitivos, exigem deposito antecipado e pedem de 15 a 20 dias para entregar a mercadoria. Tempo suficiente para aplicar o golpe e lesar milhares de pessoas. A maior quadrilha age em Araçatuba - SP. (Acabaram de sumir com o site www.eletrosampa.com.br, após haver lesado milhares.)

Aí vai a lista de lojas de quadrilhas, tenham muito cuidado:


01-ascomputadores.com.br
02- atamicro.com.br
03- atashop.com.br
04- atualmicro.com.br
05- audy.com.br
06- belashop.com.br
07- birishop.com.br
08- bondcompras.com.br
09- buskofertas.com.br
10- claudilivros.com.br
11- clicmicros.com.br
12- compuserveinfo.com.br
13- computecnet.com
14- computronics.com.br
15- cristalshop.com.br
16- cyberfast.com.br
17- ddshop.com.br
18- devairgames.com.br
19- digitalpcs.com.br
20- ecportal.com.br
21- eletromicro.com.br
22- eletrototal.com.br
23- euronote.com.br
24- fiveshop.com.br
25- futuracomputadores.com.br
26- galeriashop.com.br
27- insidecomputers.com.br
28- kaled.com.br
29- kapella.com.br
30- katoecia.com
31- lehugo.com.br
32- litetelecom.com.br
33- matrixshop.com.br
34- maxisound.com.br
35- microata.com.br
36- microfest.com.br
37- multishopcompras.com.br
38- navegantes.com.br
39- netmicros.com.br
40- netstart.com.br
41- nikishop.com.br
42- notestar.com.br
43-o ferta10.com.br
44- pcihouse.com.br
45- pcishop.com.br
46- pcvitrine.com.br
47- perfumesreal.com.br
48- portalmicro. com.br
49- ravelnet.com.br
50- rgsuprimentos. com.br
51- saturtec.com.br
52- shopamerica.com.br
53- shopsummer.com.br
54- viaclic.com. br
55- digitalplay.com.br


Quem for um pouco mais atento, verificará facilmente algumas coincidências 'incríveis' que acontecem com todos esses sites. Aliás, depois de ler esse texto, acho que eles vão mudar a forma como fazem os sites.

Observem que todas lojas têm uma seção chamada 'confirmação de pagamento'. Vejam como as seções dessas lojas são incrivelmente iguais (apenas lojas da lista de Araçatuba e Birigui):

Acredito que todas lojas da quadrilha citadas na lista possuem o mesmo formulário. Verifiquem a ordem dos campos para preenchimento do comprovante de pagamento, sempre igual:

1- Nome
2- E-mail
3- Número do pedido
4- Data do pagamento
5- Forma de pagamento utilizada
6- Deixe alguma observação sobre o pagamento
7- Valor Depositado / pago
8- Selecione: Integral / Referente ao frete


Cada loja virtual tem seu padrão para fazer esses formulários, é impossível ser todas iguais, como essas são. Isso é mais uma prova como TODAS essas lojas são da mesma quadrilha. Não se deixem iludir pela argumentação convincente desses representantes da Cyberfast. Ele está apenas querendo fazer com que nós sejamos iludidos e idiotamente enganados. Eles colocam um mediador no fórum (com certeza um deles) e assim convencem os consumidores.

Pesquisas realizadas recentemente demonstram que o Brasil é um dos países que mais recebem ataques de hackers, com o intuito de fraudar usuários da internet, principalmente aqueles que acessam com freqüência sites de bancos.

Por isso, quando for fazer uso dos serviços bancários
pela internet, siga as 3 dicas abaixo para verificar a autenticidade do site
(talvez você possa acrescentar uma outra dica...):

1 - Minimize a página: se o teclado virtual for minimizado também, está correto, no entanto, se ele permanecer na tela sem minimizar, é pirata! Não tecle nada.

2 - Sempre que entrar no site do banco, digite sua senha ERRADA na primeira vez . Se aparecer uma mensagem de erro significa que site é realmente do banco, porque o sistema tem como checar a senha digitada. Mas se digitar a senha errada e não acusar erro é mau sinal. Sites piratas não tem como conferir a informação, o objetivo é apenas capturar a senha.

3 - Sempre que entrar no site do banco, verifique se no rodapé da página aparece o ícone de um cadeado. Clique 2 vezes sobre esse ícone e uma pequena janela com informações sobre a autenticidade do site deve aparecer. Em alguns sites piratas o cadeado pode até aparecer, mas será apenas uma imagem e ao clicar 2 vezes sobre ele, nada irá acontecer.


Os 3 pequenos procedimentos acima são simples, mas garantirão que você jamais seja vítima de fraude virtual.