segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Centenário da Morte de Machado de Assis - Portal Machado de Assis - MEC

Para quem não sabe, hoje é o dia do centenário de morte de Machado de Assis, um de nossos maiores escritores de todos os tempos, fundador da Academia Brasileira de Letras, entidade que leva o seu nome.

O MEC está disponibilizando em sua página TODAS as obras de Machado de Assis, em comemoração ao centenário de sua morte.

A obra do Machado de Assis, pra quem não sabe, é de domínio público desde 1978, quando se comemorou os setenta anos de seu falecimento.

Vale a pena dar uma conferida. Boa leitura a todos!

Link: Portal Machado de Assis

sábado, 27 de setembro de 2008

"A Batalha de Argel" de Gillo Pontecorvo



A luta do povo argelino por sua libertação do jugo do colonialismo francês, apresentada no filme de Gillo Pontecorvo, tem como fio condutor a história de integrantes da Frente de Libertação Nacional (FLN), Ali-la-Pointe e seus companheiros que resistem na Casbah, o maior bairro popular da capital Argel. O filme apresenta um período desta luta, marco histórico no processo de libertação de colônias européias na África. A ação se passa entre 1954 e 1957 e o diretor, que mistura ficção e fatos reais, trata com veracidade a resistência argelina e a violência do exército francês, obtendo como resultado um “quase” documentário, intenso, emocionante, que mantém o espectador em suspense do início ao final do filme.



O coronel Mathieu (inspirado no coronel Jacques Massu – o carrasco de Argel) utiliza e defende abertamente a tortura para desbaratar a resistência argelina e manter o país sob domínio dos franceses. A tese - o uso da tortura e da humilhação como principal forma de combate - foi defendida publicamente em 1961, pelo coronel francês Roger Trinquier em seu livro "La guerre moderne", que serviu de “referência” para a “assessoria” de militares americanos em golpes de estado em países da América Latina. Há dois anos, segundo noticiou o jornal The New York Times, o filme foi exibido no Pentágono a militares norte-americanos inconformados com a tenaz resistência do povo iraquiano.



Em 1954, humilhados pela derrota da batalha de Diên Biên Phu imposta pelos vietnamitas, militares franceses radicalizam a violência contra os argelinos com o intento de manter seu domínio de mais de cem anos sobre o país, iniciado em 1830. A França ganharia uma batalha, mas perderia a guerra.

O filme, um clássico (agora em cópia restaurada), traz ao final uma das mais belas e emocionantes cenas do cinema.



A Batalha de Argel ganhou o Leão de Ouro e o prêmio Fipresci (da Federação Internacional dos Críticos), no Festival de Veneza em 1966. O filme foi banido na França até 1971 e o primeiro cinema que o exibiu sofreu um atentado. Ficou proibido no Brasil no período de ditadura militar.



DVD

Título: A Batalha de Argel, Itália, 1965
Título original: La Battaglia di Algeri
Direção: Gillo Pontecorvo
Elenco: Brahim Haggiag, Yacef Saadi, Jean Martin, Tommaso Neri, Fawzia el Kader, Michele Kerbash, Mohamed Ben Kassen, Samia Kerbash
Ano de produção: 1966
Duração:121 min.
Cor: Preto e Branco
Extras

- Disco 1:
* Menu interativo
* Seleção de cenas


Disco 2:
* Gillo Pontecorvo, a ditadura da verdade [37 min, 1992]: um documentário dirigido por Oliver Curtis'
* Entrevistas extraídas do episódio Estados armados do documetário O inimigo íntimo, violência na Argélia [2002], de Patrik Rotman
* Entrevista de José Carlos Avellar com Saadi Yacef [2005]
* Filmografia do diretor
* Prêmios
* Galeria de fotos


A Batalha de Argel conquistou e conquista público em todo o mundo. Após assistir o filme, Marlon Brando afirmou em entrevista que só filmaria na Europa se fosse com Pontecorvo. Dessa “parceria” nasceu outro clássico, dirigido por Pontecorvo, Queimada (1969), estrelado por Brando e Evaristo Márquez, sobre a dominação colonial nas Caraíbas.



Gillo Pontecorvo

Nasceu em Pisa, Itália, em 1919. Ligado ao Partido Comunista, começou a trabalhar como jornalista nos anos 1930; foi correspondente em Paris de jornais italianos. Ao final da II Guerra, tornou-se assistente de Joris Ivens, Yves Allégret e Mario Monicelli. Nos anos 50, dirigiu documentários antes de estrear na ficção com Giovanna, episódio do filme Die Vind Rose, (1954) sobre uma operária da indústria têxtil. Dirigiu também A Grande Estrada Azul (1957), Kapò (1959), Queimada! (1969), Ogro (1980), O adeus a Enrico Berlinguer (1984), Firenze, il nostro domani (2003). Faleceu no dia 12 de outubro de 2006.


Fonte: Site CECAC - Centro Cultural Antônio Carlos Carvalho

"O Analfabeto Que Passou no Vestibular" - Felipe Pena



26/09/2008

7Letras, 256 págs., R$ 34,00 / BB+


Com base em notícias de jornais e na sua experiência como professor universitário (hoje na UFF), o jornalista Felipe Pena - que já foi também sub-reitor da Estácio de Sá, no Rio - criou um romance que visa, sobretudo, a denunciar a decadência do ensino superior e a mercantilização da educação no Brasil. Com linguagem enxuta e agilidade jornalística, Pena compõe uma trama contundente - começa com uma aluna de farmácia baleada no campus -, que envolve grupos estrangeiros inescrupulosos, universidades às quais só interessam os lucros, polícia, traficantes e políticos que brigam pelo controle de uma nova droga sintética, delineando um painel bem familiar aos brasileiros e mantendo o suspense até o fim.


Fonte: Jornal Valor Econômico de 26.09.2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Editora Abril se livra de indenizar centro espírita

A Editora Abril está livre de pagar indenização para o Centro Espírito Beneficente União do Vegetal por causa de uma reportagem publicada na revista Veja. A decisão é da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça.

Em 2002, a editora respondeu mais de 50 ações movidas por freqüentadores do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal por conta da reportagem Barato Legal, publicada em setembro pela revista Veja. No texto, era dito que o chá ayahuasca, consumido durante as reuniões do centro espírita, era “droga como qualquer outra” por provocar surtos psicóticos e, se fosse combinada com outras substâncias, seria capaz de gerar morte súbita.

“Se um brasileiro fundar uma religião que utilize em seu ritual maconha, cocaína, ecstasy, LSD ou crack, terá a aprovação do secretário nacional antidrogas. Afinal de contas, ‘religião é religião’”, dizia o texto. Os seguidores do centro espírita alegaram que foram ofendidos pelo conteúdo da reportagem. O nome de nenhum deles foi citado no texto. Por causa da ilegitimidade, as 50 ações foram julgadas improcedentes.

O mesmo aconteceu com a ação movida pelo Centro Espírita. A primeira instância reconheceu que não houve danos e a instituição apelou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Os desembargadores afirmaram que a reportagem não teve a intenção de manchar a imagem. “Embora se mostre, em alguns trechos, indelicada, tal fato não é suficiente para macular os atributos pessoais da seita religiosa”, entendeu.

No STJ, o relator do processo, ministro Sidnei Beneti, manteve a decisão por entender que seria necessária nova avaliação de provas, o que não compete ao STJ, conforme dispõe a Súmula 7 da Corte. Em seguida, a defesa do Centro Espírita entrou com um Agravo Regimental (tipo de recurso) pedindo que o processo fosse apresentado em mesa para que a 3ª Turma se pronunciasse sobre a decisão. A 3ª Turma do STJ, por unanimidade, acompanhou o ministro relator e negou o recurso.

A defesa da Editora Abril, representada pelo advogado Alexandre Fidalgo, do escritório Lourival J. Santos Advogados, comemorou a decisão. “A defesa sempre alegou que não houve qualquer ilegalidade no texto jornalístico. O tema é de inquestionável interesse e a revista cumpriu com o seu dever jornalístico, tanto que todas as decisões foram nesse sentido”, observou o advogado.

REsp 772.224


Fonte: Revista Consultor Jurídico de 22.09.2008

"Estado de Sítio" (État de Siege) de Costa-Gavras - 1973



SINOPSE

A repressão organizada do imperialismo norte-americano

Filme de Costa-Gavras disseca o envolvimento norte-americano nas ditaduras latino-americanas

”Estado de Sítio” (1973), um dos melhores filmes políticos já realizados, sai finalmente em DVD.




O filme do diretor grego Costa-Gavras é um retrato minucioso da participação direta dos Estados Unidos nas ditaduras militares da América Latina nas décadas de 1960 e 1970. Através da história do seqüestro de um norte-americano e um brasileiro pelo grupo guerrilheiro uruguaio Tupamaro, o cineasta denuncia o papel repressivo do governo norte-americano nas ditaduras latino-americanas.

Em “Estado de Sítio” o grupo guerrilheiro Tupamaro seqüestra o embaixador do Brasil no Uruguai, Roberto Campos, e o funcionário da polícia norte-americana Philip Michael Santore. O grupo então exige que o governo solte os presos políticos em troca dos seqüestrados. O caso gera uma crise política internacional que coloca em evidência a participação criminosa do imperialismo norte-americano na estrutura repressiva dos regimes militares.

No filme, Philip Michael Santore é interrogado por um dos integrantes do Tupamaro, maneira pela qual o filme apresenta dados importantíssimos e ao mesmo tempo assustadores de como os Estados Unidos formou milhares de agentes de tortura nas polícias de vários países da América Latina. O Brasil aparece no filme com destaque entre os países “assessorados” pelos norte-americanos, foram mais de 100.000 policiais brasileiros especializados em técnicas de tortura em cidades como São Paulo e Belo Horizonte.



Os Estados Unidos mantinham uma escola de tortura para onde os governos dos países enviavam representantes para receber especialização em todos os ramos da repressão policial.

Neste filme, Costa-Gavras conseguiu construir, através de seu estilo vindo dos thillers policiais, um empolgante relato político com uma montagem que desenvolve a história através de flashbacks, como em seu filme mais famoso “Z” (1969) e faz com que a direção, atores, cenários e trilha sonora deixe o filme com uma destacada riqueza de detalhes.

O roteiro de “Estado de Sítio” é Gavras e de Franco Solinas baseado em fato verídico ocorrido no Uruguai, este também foi roteirista do diretor italiano Gilo Pontecorvo nos filmes “A Batalha de Argel” (1965) e “Queimada” (1969). Na história, o nome do grupo guerrilheiro Tupamaros e do embaixador do Brasil foram mantidos, alterando-se o restante para nomes fictícios.

O diretor Konstantinos Costa-Gavras pode ser considerado um dos grandes diretores de um gênero no cinema que teve e ainda tem poucos representantes, o cinema político. Muitos de seus filmes foram censurados no Brasil e a maioria nem teve lançamento no mercado de vídeo como é o caso de “Estado de Sítio”.

Este lançamento traz material extra pouco extenso, apenas com filmografia de Costa-Gavras e do ator principal Yves Montand e algumas notas biográficas, mas que valorizam ainda mais este importante lançamento em DVD.

DVD




Título: Estado de Sítio
Título Original: État de Siege
Direção: Konstantinos Costa-Gavras
Elenco: Yves Montand, Jacques Weber, Renato Salvatori, Jean-Luc Bideau, O.E. Hasse, Evangeline Peterson, Mario Montilles, Jacques Perrin, Maurice Teynac, Harald Wolff
Ano de produção: 1973
Duração: 119 min
Cor: Colorido
Gênero: Cinema Político
Idioma: Francês e Inglês
País de produção: França, Itália, Alemanha
Legendas: Português, Espanhol
Extras: Galeria de talentos com notas biográficas e filmografia de Costa-Gavras e Yves Montand
Distribuição: Editora Europa


Fonte: http://www.pco.org.br

"O vendedor de fósforos" de Otto Dix



O vendedor de fósforos (1920), é uma obra de Otto Dix que está exposta na Alemanha, no Kunstmuseum, em Stuttgart.

Nessa pintura Dix expõe, quase fotograficamente, o descaso dos passantes diante do sofrimento de um ex-soldado cego e paralítico. A produção dessa fase do artista constitui uma espécie de crônica ácida e indignada do ambiente alemão do período, o que vale a sua prisão em 1939 e a condenação de sua obra como arte degenerada.

O pintor e gravador alemão Otto Dix (1891-1969), ao lado do pintor e desenhista, também alemão, George Grosz (1893-1959), são considerados os dois grandes nomes dessa linhagem expressionista. A obra de Dix flagra a hipocrisia e frivolidade da sociedade berlinense do pós-guerra.

(Com a colaboração de Catharina Mafra)

Dica de site - Discosdobrasil




Discos do Brasil é um site no ar desde 2003 criado pela jornalista e musicóloga Maria Luiza Kfouri. O site disponibiliza sua discoteca particular com cerca de 5000 títulos de música brasileira e muita informação.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Winamp Full 5.541


Desde seu lançamento, o Winamp foi sinônimo de MP3. Com o passar dos anos as suas funções foram crescendo de tal forma que hoje em dia é possível confundi-lo com um grande centro multimídia.

É possível assistir a vídeos codificados em WMV, NSV, gravar CDs, ver transmissões em tempo real (streaming) e claro, escutar arquivos em OGG, MP3 e etc. Mostrando as informações como autor, título, tempo, bitrate e etc durante sua execução.

A grande novidade nessa versão é Winamp Remote. O recurso permite que o usuário acesse seu acervo pessoal a partir de qualquer lugar. Para utilizar o serviço o usuário deve fazer um novo cadastro (caso já possua um) no site Oficial e baixar o plugin disponível aqui no Superdownloads.

Versão completa.

Roda em Windows 95, 98, NT, 2000, Millenium, XP, 2003, Vista

Comentários do Winamp Full

PinguimGigante: Caraca
Usei pouco ele mas é legalzinho. Tem uma interface bonita e personalizavel. Ae qual o problema do Foox, parece que o cara tem raiva do software, saca só o comentário! Hahaha!!! 29/08/2008

8
sekai: Muito bom
Alem de ter a opção de ver videos e muitas skins no site oficial, em sites de games tem plugins que só rodam no Winamp que faz com que o player leia arquivos de musicas dos jogos, como Gym, pcx, psf, ai fica sim um player completo ;) 05/04/2008

10
Fred222: Otimo programa mas...
Mas o problema e que eu gosto de ouvir radios tipo "89fm,metropolitana fm" e so roda com WMA e a maioria tbm.Tirando issi ele è otimo roda varios formatos,entao nota 8.5 20/01/2008

8
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"Alphaville" de Jean-Luc Godard


Certa vez, o renomado cineasta Werner Herzog disse: “Filmes como os de Godard são moeda intelectual falsificada quando comparados a um bom kung fu de Hong Kong”. Em parte tal afirmação é verídica, a carreira de Godard entrou em total declínio a partir da década de 70. No entanto, Godard, nos anos 60, realizou obras-primas sucessivas a obras-primas, tornando-se talvez o maior expoente dessa década.

Alphaville é um filme de 1965, isto é, situado no meio do auge da carreira do diretor. Uma das principais qualidades da obra foi seu pioneirismo em misturar "Sci-Fi" mais "Noir", tornando-o uma ficção surreal e altamente poética. Nele, um jornalista interpretado por Akim Tamiroff deve realizar uma matéria. No decorrer da película, esse mostra sua verdadeira cara e, de jornalista, passa para justiceiro, agora com a missão de encontrar o colega de profissão Henry Dickson e investigar o desaparecimento de outros cinco agentes. Tudo se passa em uma cidade pertencente a outra galáxia, com o nome de Alphaville. Nela toda a sociedade é comandada por uma tirano supercomputador denominado Alpha 60. Tal máquina comanda uma “sociedade técnica, como a dos cupins e formigas”, governando de forma cruel e arbitrária, deixando seus habitantes como legítimos zumbis, completamente alienados e sem sentimentos.

Godard se cercou de elementos literários encontrados em "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley e principalmente do livro "1984", de George Orwell. Um futuro autoritário com restrição vocabular e um super-olho onipresente. A bíblia de Alphaville é um dicionário e esse passa por constantes alterações, com objetivo de oprimir a população e mantê-la ignorante. Para o supercomputador, pessoas normais não têm lugar nessa cidade e não merecem viver, para isso, há duas alternativas: o suicídio ou a recuperação em um “hospital”.

O protagonista pertence aos chamados “países exteriores”, aparentemente sociedades opostas a Alphaville. Ele deve convencer o professor Von Braun a retornar à sua terra natal, e caso ele rejeite deverá ser assassinado. Para essa missão, Natasha (Anna Karina), a filha do pesquisador, contribuirá com o justiceiro. Outra grande qualidade que vale salientar são os belíssimos diálogos e a sociedade ignorante montada pelo cineasta. Filme imprevisível e denso, com caráter sublime e futurista.

O Alpha 60 lembra muito HAL 9000 de "2001: Uma Odisséia no Espaço", ambos com uma inteligência fora do comum e uma ambição sem fim. Akim Tamiroff interpreta um dos personagens mais frios do cinema, juntamente a uma climatização noir lotada de características noturnas e sombrias. Toda essa ambientação extremamente ousada de Godard rendeu o Urso de Ouro de Melhor Filme do Festival de Berlim. Anna Karina em um de seus melhores personagens com seu marido, o próprio diretor do filme, à época. Trilha sonora oscilante e com alto teor romântico, um dos grandes clássicos da década de 60 e um dos melhores Godard já feitos.


Fonte: Site www.cineplayers.com

Indicadores sociais da população negra têm melhoras, mas condições de vida seguem inferiores às dos brancos

Silvana Salles
Do UOL Notícias
Em São Paulo


Os índices de escolaridade, renda e pobreza da população negra registraram melhoras entre 1996 e 2006, mas as condições de vida continuam inferiores às dos brancos no Brasil. A avaliação é de estudo sobre desigualdade racial e de gêneros divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo do Ipea tomou como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) lançadas pelo IBGE entre os anos de 1993 e 2006. A designação "branco" ou "negro" foi estabelecida segundo autodeclaração dos pesquisados.



Segundo dados do estudo, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006.

A renda média do trabalhador negro também cresceu, embora o aumento não seja muito expressivo: o rendimento médio de 2006 foi R$ 19 mais alto que em 1996, ou 3,93%. A queda da diferença entre os dois grupos se deu devido a diminuição dos rendimentos dos homens brancos, que passaram de R$ 1.044,20 a R$ 986,50. Os demais grupos estudados (mulheres brancas e negras e homens negros) tiveram aumentos.

Mesmo com essa alta, a discrepância é grande. Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais.

Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde.



"A renda dos negros é extremamente baixa comparada à dos brancos, e está muito próxima ao valor do salário mínimo", diz o professor Claudio Dedecca, do departamento de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo.

Dedecca explica que a oscilação da renda de negros e brancos teve sinais diferentes entre 1996 e 2006 porque os acréscimos ou decréscimos nos pagamentos têm diferentes origens. "O comportamento da renda dos brancos é definido por negociação coletiva ou fluxos do mercado de trabalho. Então, nesses últimos 13, 14 anos, acompanhou a queda na renda média da população. Já a dos negros está associada à evolução da política do salário mínimo."

Além do crescimento dependente das políticas públicas, a evolução da renda entre negros e queda entre os brancos não se refletiu na erradicação da pobreza. Se em 1996 46,7% dos negros eram pobres, o percentual desceu em 2006 para 33,2. Na prática, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram a pobreza num período em que a população ganhou mais de 32 milhões de brasileiros. Entre os brancos, o número absoluto de pessoas que deixaram a pobreza foi de cerca de 5 milhões, mesmo a queda em pontos percentuais tendo sido menor - de 21,5% para 14,5%.

Especialistas dedicados à questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica deste vácuo econômico entre brancos e negros. Educação básica deficiente e pouco universalizada, a herança histórica deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.



Para o sociólogo Rogério Baptistini Mendes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), o fim da escravidão sem a criação de um mercado de trabalho que absorvesse a mão-de-obra negra e herança de concentração fundiária na mão de ricos produtores agrícolas privaram a população negra de acesso a "mecanismos democráticos de ascensão social, econômica e cultural".

"A sociedade brasileira foi constituída em três séculos de colonização e quatro de escravidão. Isso gerou uma estrutura de segregação absoluta que foi sendo superada ao longo do século 20, mas não na velocidade necessária para democratizá-la", explica Baptistini. "Não temos mecanismos para distribuir a renda. É como se no século 21, ainda vivêssemos em uma sociedade escravocrata."

O economista Vinícius Garcia, mestre em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp, aponta a geografia como outro importante fator para explicar a concentração da pobreza entre os negros. "No nosso estudo, vimos que a população negra está super-representada nas áreas menos desenvolvidas do país, como no Norte e no Nordeste. E é menos concentrada em regiões como o Sudeste, que tem uma estrutura econômica mais dinâmica", pondera ele.

Diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares, Bernardete Lopes defende que o estudo do Ipea é importante para provar à sociedade que os preconceitos raciais não foram superados no Brasil. "Acho que essa pesquisa vai fazer algumas pessoas entenderem quando dizemos que o país precisa de ação afirmativa e precisa de cotas, porque mostra que não vivemos numa democracia racial, e que a discriminação não era pela pobreza, mas sim pela raça e pela cor", afirma.

"É muito doído perceber que, embora o movimento negro tenha conseguido grandes vitórias e o Estado brasileiro hoje esteja preocupado em diminuir as diferenças, elas continuam sendo sempre o dobro", completa Bernardete, referindo-se a distância de quase 50% entre os salários de pessoas que nasceram com cores de pele diferentes.

"De república, a gente só tem o nome"

As melhorias no acesso à educação formal também não foram capazes de acabar com a desvantagem dos negros em relação aos brancos na escolaridade. Enquanto 58,4% dos brancos estavam em 2006 matriculados no ensino médio com idade adequada para o curso, apenas 37,4% dos negros estavam no mesmo patamar, revelam os dados do Ipea.



Rogério Baptistini também vê nestes números um fundo histórico. "A República nunca criou um sistema universal de igualdade pela educação; nossa educação nunca foi republicana. A abertura da universidade para a qualificação dos mais pobres, na sua maioria negros e miscigenados, é muito recente", diz o sociólogo.

"Políticas adotadas gradativamente, como as cotas para alunos de escolas públicas e negros, estão tentando corrigir esse desvio histórico na sociedade brasileira, mas ainda não passam da superfície", explica Baptistini. "De república, a gente só tem o nome."

Bernardete Lopes acredita que a melhoria deste quadro deve passar necessariamente pela educação básica. "Acho que é preciso melhorar a qualidade do ensino público nas primeiras séries, e continuar com incentivos para que as crianças fiquem na escola e não precisem parar de estudar para ajudar a família a se manter", diz. Para a dirigente da Fundação Palmares, isto é parte do caminho para a emancipação econômica da população negra.

Mas, para garantir a eficiência do modelo, as crianças devem gostar de ir à escola. "Uma vez li um estudo de uma socióloga da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que dizia que um dos motivos por que as crianças negras não gostavam da escola por receberem os apelidos mais cruéis entre os colegas", conta Bernardete.


Fonte: Site www.uol.com.br de 09.09.2008

sábado, 6 de setembro de 2008

"Para Ver As Meninas" de Paulinho da Viola com Marisa Monte



Pra quem prefere assistir uma Marisa Monte cantando "mais quadrado" (mais para o início da carreira) a mesma música, mas acompanhada por Paulinho da Viola e Raphael Rabello, segue abaixo.