quarta-feira, 24 de março de 2010

O Centenário de Akira Kurosawa

23/03/2010

Do Blog de Gregório Macedo

Cem anos do Samurai

O cineasta Akira Kurosawa nasceu em Tóquio em 23.03.1910. Antes de se dedicar ao cinema, foi pintor e ilustrador – e bom ilustrador, a ponto de, anos depois, ele mesmo desenhar cenas diversas de seus filmes, especialmente paineis sobre batalhas.

Quando tinha 18 anos, Kurosawa foi surpreendido pelo suicídio de uma de suas irmãs, quatro anos mais velha, que trabalhava como “benshi” (narradora de cinema mudo) e não resistiu à extinção de sua profissão. Superada a crise (mas não a ‘compulsão’, que quatro décadas adiante irromperia), tempos depois foi contratado como assistente de direção; estreava, enfim, no cinema, que exercitou até o fim, em setembro de 1998.

Ligado em história, no perfil dos samurais, na busca da verdade e na honra do ser humano, dirigiu mais de trinta filmes. Entre 1950, quando ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza com “Rashomon”, e 1990, em que foi homenageado com um Oscar pelo conjunto da obra, recebeu vários outros prêmios em festivais como os de Berlim e Cannes, em face de filmes consagrados, com destaque para “Dersu Uzala”, “Os Sete Samurais”, “Ran” e “Kagemusha, a Sombra de um Samurai”.

Fonte: Blog do Luis Nassif em 23.03.2010

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Akira Kurosawa, Kurosawa Akira, (Tóquio, 23 de Março de 1910 – Setagaya, 6 de Setembro de 1998) foi um dos cineastas mais importantes do Japão, e seus filmes influenciam uma grande geração de diretores do mundo todo. Com uma carreira de cinquenta anos, Kurosawa dirigiu 30 filmes. É amplamente considerado como um dos cineastas mais importantes e influentes da história do cinema. Em 1989, foi premiado com o Oscar pelo conjunto de sua obra "pelas realizações cinematográficas que têm inspirado, encantado, enriquecido e entretido o público em todo o mundo e influenciado cineastas de todo o mundo."[1]

Juventude

O mais novo de oito filhos de Shima e Isamu Kurosawa, nasceu num subúrbio de Tóquio em 23 de março de 1910.[2][3] Shima Kurosawa tinha 40 anos de idade na época do nascimento de Akira e seu pai, Isamu, tinha 45. Cresceu numa família com três irmãos mais velhos e quatro irmãs mais velhas. De seus três irmãos mais velhos, um morreu antes de Akira nascer e um já estava crescido e fora do lar. Uma das suas quatro irmãs mais velhas também havia deixado a casa para formar a sua própria família antes de Kurosawa nascer. A irmã que nascera logo antes de Kurosawa, a quem ele chamava de "Pequena Grande Irmã", também morreu repentinamente após uma curta doença quando ele tinha 10 anos de idade.

O pai de Kurosawa trabalhava como diretor de uma escola secundária dirigida pelos militares japoneses e os Kurosawas descendiam de uma linhagem de antigos samurais. Financeiramente, a família estava acima da média. Isamu Kurosawa gostava da cultura ocidental, dirigindo programas atléticos e levando a família para ver filmes ocidentais, que estavam naquela época apenas começando a aparecer nos cinemas japoneses. Mais tarde, quando a cultura japonesa se afastou dos filmes ocidentais, Isamu Kurosawa continuou a acreditar que os filmes foram uma experiência positiva de ensino.

Kurosawa inicialmente tentou ser pintor. Após se formar no Ginásio Keika, frequentou o Centro de Pesquisas de Arte Proletária no ano de 1928, aos 18 anos. A investida pictorial não funcionou, devido à falta de dinheiro, mas suas características artísticas o acompanharam durante toda a sua trajetória no cinema, onde ele pintava quadros como "storyboards" de seus filmes.[4] Mesmo assim continuou com sua paixão pelas artes, principalmente a literatura; de onde tirou inspiração para a grande maioria de suas obras. Sofreu também grande influência da irmã, Heigo, quatro anos mais velha, na sua paixão por cinema. Heigo trabalhava como Benshi, uma espécie de "narradora de filmes" do início do século no Japão. Infelizmente, com o advento dos filmes sonoros a profissão de narradora se tornou obsoleta, e Heigo viu-se sem emprego. O fato deprimiu tanto a irmã de Kurosawa que ela acabou se suicidando com um tiro no peito esquerdo aos 22 anos de idade. Kurosawa demorou para aceitar o ocorrido, mas se recuperou alguns anos depois e ingressou de vez na carreira cinematográfica. Em 1936 viu um anúncio no jornal para um teste de assistente de diretor e desde então não parou mais de trabalhar em filmes. De 1943 a 1965, foram vinte e quatro dirigidos por ele.

Seu primeiro trabalho foi Sugata Sanshiro (1943) e o último foi "Depois da Chuva" (Ame agaru) (1999) concretizado postumamente por Takashi Koizumi, seu discípulo. Foi o introdutor do gênero samurai no cinema, com temas como a honra acima de tudo. Sofrendo de fadiga mental em 1971, tentou frustradamente suicidar-se cortando os pulsos por mais de trinta vezes. Em 1985, o Festival de Cinema de Cannes homenageou-o pelo seu filme "Ran" do qual ele mesmo dizia que era a "obra de sua vida". "Ran" foi baseado em adaptações do livro Rei Lear de William Shakespeare. Kurosawa também adaptou obras do russo Dostoiévski. Muitos de seus filmes tiveram refilmagem na Europa e EUA.

Filmografia

* 1993 - Madadayo (br.: Madadayo; pt.: Ainda Não!)
* 1991 - Hachi-gatsu no kyôshikyoku (Rapsódia em Agosto)
* 1990 - Yume (Sonhos)
* 1985 - Ran (Os Senhores da Guerra)
* 1980 - Kagemusha (A Sombra de um Samurai)
* 1975 - Dersu Uzala (A Águia das Estepes)
* 1970 - Dodesukaden (O Caminho da Vida)
* 1965 - Akahige (O Barba Ruiva)
* 1963 - Tengoku to jigoku (Céu e Inferno)
* 1962 - Tsubaki Sanjûrô (Sanjuro)
* 1961 - Yojimbo (O Guarda-Costas)
* 1960 - Warui yatsu hodo yoku nemuru (Homem Mau Dorme Bem)
* 1958 - Kakushi toride no san akunin (A Fortaleza Escondida)
* 1957 - Donzoko (Ralé)
* 1957 - Kumonosu-jō (Trono Manchado de Sangue)
* 1955 - Ikimono no kiroku (Vivo no Medo)
* 1954 - Shichinin no samurai (Os Sete Samurais)
* 1952 - Ikiru (Viver)
* 1951 - Hakuchi (O Idiota)
* 1950 - Rashōmon (Às Portas do Inferno)
* 1950 - Shubun (O Escândalo)
* 1949 - Nora Inu (Cão Danado)
* 1949 - Shizukanaru ketto (Duelo silencioso)
* 1948 - Yoidore tenshi (O Anjo Embriagado)
* 1947 - Subarashiki nichiyobi
* 1946 - Waga seishun ni kuinashi (Não Lamento Minha Juventude)
* 1946 - Asu o tsukuru hitobito
* 1945 - Tora no o wo fumu otokotachi
* 1945 - Zoku Sugata Sanshiro
* 1944 - Ichiban utsukushiku
* 1943 - Sugata Sanshiro (A Saga do Judô)


Prêmios e indicações

* Ganhou um Oscar honorário em 1990, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
* Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor, por "Ran" (1985).
* Ganhou o BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, por "Ran" (1985).
* Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Filme, por "Kagemusha, a Sombra de um Samurai" (1980).
* Ganhou o BAFTA de Melhor Diretor, por "Kagemusha, a Sombra de um Samurai" (1980).
* Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Roteiro Adaptado, por "Ran" (1985).
* Recebeu 2 indicações ao Cesar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, por "Kagemusha, a Sombra de um Samurai" (1980) e "Ran" (1985). Venceu em 1980.
* Ganhou a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, por "Kagemusha, a Sombra de um Samurai" (1980).
* Ganhou o Urso de Prata, no Festival de Berlim, por "A Fortaleza Escondida" (1958).
* Ganhou o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Berlim, por "A Fortaleza Escondida" (1958).
* Ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por "Rashomon" (1950).
* Ganhou o Leão de Prata, no Festival de Veneza, por "Os Sete Samurais" (1954).
* Ganhou o Prêmio OCIC, no Festival de Veneza, por "O Barba Ruiva" (1965).
* Ganhou um Leão de Ouro, em homenagem à sua carreira, no Festival de Veneza.
* Ganhou o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu, por "Ran" (1985).


terça-feira, 2 de março de 2010

Ataque ao Carnabranco

Carlinhos Brown rebate Caetano e diz que o negro virou “exótico” na festa da Bahia

21/02/2007

Sérgio Maggio
Enviado especial


Salvador – Uma panela de pressão gigante, com pipocas até pelas bordas, atravessou o circuito Barra-Ondina, na madrugada da terça-feira. Atrás dela, o cacique Carlinhos Brown dava o comando: “Deixem que o povo empurre”. No chão, o artista ofereceu 30 mil tiaras para que os foliões acompanhassem o trio elétrico Pipocão, mais uma novidade do criador que quer devolver à Bahia a alegria original de se brincar na rua sem pagar até R$ 1 mil por um abadá e, assim, ter direito a um cercadinho feito por cordas que separam turistas dos moradores da cidade. “As cordas amarram, aprisionam. Como artista, minha modesta contribuição é devolver ao povo o que eu recebi. Não peço para que todos sigam essa proposta. Mas que respeitem a minha opção de institucionalizar as ruas como espaço livre para quem está impedido de seguir atrás do trio”, anunciou.

Carlinhos Brown é voz na contramão do carnaval industrial, que tomou corpo na Bahia. Ano passado, ele falou de apartheid diante do camarote do ministro da Cultura, Gilberto Gil, ao se referir à população pobre e negra de Salvador, excluída da festa. Neste ano, voltou ao tema no começo do carnaval, e provocou uma reação de Caetano Veloso. “Essa mania de ver apartheid em tudo é doente”, disse o compositor baiano. Na madrugada de terça, Brown retomou o assunto. “Caetano não mora na Bahia! Ele não sabe o que é isto aqui” , afirmou ao Correio. “Querem o que para Bahia? O Carnabranco! Que a gente pare de pedir a paz? Perdemos o espaço. O negro é o exótico da festa. Tudo o que resta é falso.

O fato é que Carlinhos Brown tem autoridade para falar sobre exclusão. Além de intenso trabalho educacional e social, ele mais uma vez faz a diferença no carnaval previsível dos blocos de trio. Além do Pipocão, criou o programa mais quente da folia deste ano: o Baile du Bloco Parado, no antigo Mercado de Ouro, local que ele transformou no Museu du Ritmo. Das músicas que mais tocaram no carnaval deste ano, seis são de autoria de Brown. Cachaça é forte candidata a hino da folia.

Navio negreiro

Em Salvador, é crescente a discussão sobre os rumos do carnaval. Frases como “Todo bloco de corda tem um pouco de navio negreiro” e “Ontem, era a escravidão. Hoje, o racismo” foram estampadas no desfile da Mudança do Garcia, tradicional bloco, que data dos anos de 1920. Sem cordas, populares e ativistas do movimento civil organizado entraram no circuito da festa com protesto. “A praça não é mais do povo”, reclamou o poeta Marcos Peralva, caracterizado de Castro Alves. “O que você enxerga é um mar de brancos cercado por negros de todos os lados”, observa a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia Ana Alice Costa.

Na concentração dos blocos, a constatação é evidente. Sentados no chão, aguardando a saída dos trios, só afrodescendentes. Babá, jovem negro de cabelos tingidos de loiro, ganha R$ 18 por noite para puxar as cordas de quem pagou R$ 800. “A gente ganha também uma garrafa de quente, um biscoito e um suco com data de validade vencida. A verdade tem que ser dita. Há racismo aqui dentro. Ontem, uma gringa passou a mão nos braços, com cara de nojo, porque uma cordeira suada encostou nela. Xinguei ela de tudo quanto foi nome, mas ela não entendeu nada”, conta o rapaz.

Em coletiva de avaliação da folia, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), declarou que “o povo, no carnaval, trabalha e se diverte”. “Essa afirmação é infame”, critica Ana Costa. “Um menino que cata latinhas e dança ao mesmo tempo pode até brincar, mas está configurada a exclusão. Não entendo por que o poder público precisa subsidiar os milionários blocos da Bahia.” Depois do início da polêmica, o governador anunciou revisão nos critérios de subsídios para tentar deixar o carnaval “mais democrático”.

Ana Lúcia Castro, 20 anos, com cabelos de trancinhas e corpo esguio de modelo, aceitou puxar as cordas pela primeira vez. Foi a maneira que arranjou para “brincar” ao som da banda Asa de Águia. “Os fiscais não deixam a gente dançar. Pode remexer, mas tem que segurar o tempo inteiro as cordas”, revela. Curiosamente, a imagem da linda garota está estampada no bairro de Itapoã. Ela foi fotografada por Sérgio Guerra, na mostra Negroamor, que espalhou por Salvador a beleza do seu povo preto, na tentativa de melhorar a auto-estima daqueles que constituem a maioria da população soteropolitana. São as contradições da primeira capital do Brasil.


Fonte Jornal "Correio Braziliense" de 21.02.2007

Brasília tem o menor cinema do mundo – Cabíria Cine-Café

O Cabíria Cine-Café, considerado o menor cinema do mundo pelo Guiness Book, edição 2010, é um local interessante para conhecer e apreciar bons filmes, e o melhor – zerooitocentos, de graça. Mas é aconselhável levar uma graninha, pois o lugar tem comidinhas deliciosas e uma cerveja honesta. O mini-cine, que recém completou um ano, também oferece curso de barista e abre para exposições, saraus, exibições de produção independente, festival de curtas, entre outras atividades Cult-urais. Às terças-feiras, rola o Cabíria Champagne, com uma impecável contribuição musical do Dj Oops (Só Som Salva) e, como convidados para cantar em sua vitrola-super-in, sumidades que vão de Ella Fitzgerald a Piaf, de Roberto Carlos a Frank Sinatra. E tudo isso entre uma tacinha de espumante de cinco contos a outra e, claro, acompanhada de uma comidinha-preço-amigo. Durante os outros dias da semana, quase sempre rola uma bandinha legal, uns poetas-não-chatos e o local enche com pessoas sorridentes e falantes.

Segundo Renata Agostinho, a piloto da nau, ” O Cabíria é um espaço aberto à arte em todas as suas expressões, não só o Cinema. Aqui, cada dia é mais um capítulo, mais uma cena de uma história feliz – e inusitada.” O Cabíria fica na 413 Norte e funciona das 18h a uma da manhã e é tooodo decorado com o temas da sétima arte, um mimo.

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA

TERÇA , 2/MARÇO

CABÍRIA CHAMPAGNE

QUARTA , 3/MARÇO

CINEMA RESERVADO!!!*

QUINTA, 4/março

“JANELA DA ALMA”

titulo original: (Janela da Alma)

lançamento: 2002 (Brasil)

direção: João Jardim , Walter Carvalho

atores: José Saramago , Wim Wenders , Hermeto Pascoal , Antônio Cícero , Paulo Cezar Lopes

duração: 73 min

SEXTA, 5/MARÇO

CINEMA RESERVADO!!!*

SÁBADO, 6/MARÇO

“PERSÉPOLIS”

(Persepolis)

lançamento: 01/01/2007

direção: Vincent Paronnaud , Marjane Satrapi

duração: 95 min

Animação.


Para saber mais sobre o Menor Cinema do Mundo, acesse: http://cabiriacinecafe.blogspot.com.


Fonte: Site da Marina Mara