sábado, 27 de setembro de 2008

"A Batalha de Argel" de Gillo Pontecorvo



A luta do povo argelino por sua libertação do jugo do colonialismo francês, apresentada no filme de Gillo Pontecorvo, tem como fio condutor a história de integrantes da Frente de Libertação Nacional (FLN), Ali-la-Pointe e seus companheiros que resistem na Casbah, o maior bairro popular da capital Argel. O filme apresenta um período desta luta, marco histórico no processo de libertação de colônias européias na África. A ação se passa entre 1954 e 1957 e o diretor, que mistura ficção e fatos reais, trata com veracidade a resistência argelina e a violência do exército francês, obtendo como resultado um “quase” documentário, intenso, emocionante, que mantém o espectador em suspense do início ao final do filme.



O coronel Mathieu (inspirado no coronel Jacques Massu – o carrasco de Argel) utiliza e defende abertamente a tortura para desbaratar a resistência argelina e manter o país sob domínio dos franceses. A tese - o uso da tortura e da humilhação como principal forma de combate - foi defendida publicamente em 1961, pelo coronel francês Roger Trinquier em seu livro "La guerre moderne", que serviu de “referência” para a “assessoria” de militares americanos em golpes de estado em países da América Latina. Há dois anos, segundo noticiou o jornal The New York Times, o filme foi exibido no Pentágono a militares norte-americanos inconformados com a tenaz resistência do povo iraquiano.



Em 1954, humilhados pela derrota da batalha de Diên Biên Phu imposta pelos vietnamitas, militares franceses radicalizam a violência contra os argelinos com o intento de manter seu domínio de mais de cem anos sobre o país, iniciado em 1830. A França ganharia uma batalha, mas perderia a guerra.

O filme, um clássico (agora em cópia restaurada), traz ao final uma das mais belas e emocionantes cenas do cinema.



A Batalha de Argel ganhou o Leão de Ouro e o prêmio Fipresci (da Federação Internacional dos Críticos), no Festival de Veneza em 1966. O filme foi banido na França até 1971 e o primeiro cinema que o exibiu sofreu um atentado. Ficou proibido no Brasil no período de ditadura militar.



DVD

Título: A Batalha de Argel, Itália, 1965
Título original: La Battaglia di Algeri
Direção: Gillo Pontecorvo
Elenco: Brahim Haggiag, Yacef Saadi, Jean Martin, Tommaso Neri, Fawzia el Kader, Michele Kerbash, Mohamed Ben Kassen, Samia Kerbash
Ano de produção: 1966
Duração:121 min.
Cor: Preto e Branco
Extras

- Disco 1:
* Menu interativo
* Seleção de cenas


Disco 2:
* Gillo Pontecorvo, a ditadura da verdade [37 min, 1992]: um documentário dirigido por Oliver Curtis'
* Entrevistas extraídas do episódio Estados armados do documetário O inimigo íntimo, violência na Argélia [2002], de Patrik Rotman
* Entrevista de José Carlos Avellar com Saadi Yacef [2005]
* Filmografia do diretor
* Prêmios
* Galeria de fotos


A Batalha de Argel conquistou e conquista público em todo o mundo. Após assistir o filme, Marlon Brando afirmou em entrevista que só filmaria na Europa se fosse com Pontecorvo. Dessa “parceria” nasceu outro clássico, dirigido por Pontecorvo, Queimada (1969), estrelado por Brando e Evaristo Márquez, sobre a dominação colonial nas Caraíbas.



Gillo Pontecorvo

Nasceu em Pisa, Itália, em 1919. Ligado ao Partido Comunista, começou a trabalhar como jornalista nos anos 1930; foi correspondente em Paris de jornais italianos. Ao final da II Guerra, tornou-se assistente de Joris Ivens, Yves Allégret e Mario Monicelli. Nos anos 50, dirigiu documentários antes de estrear na ficção com Giovanna, episódio do filme Die Vind Rose, (1954) sobre uma operária da indústria têxtil. Dirigiu também A Grande Estrada Azul (1957), Kapò (1959), Queimada! (1969), Ogro (1980), O adeus a Enrico Berlinguer (1984), Firenze, il nostro domani (2003). Faleceu no dia 12 de outubro de 2006.


Fonte: Site CECAC - Centro Cultural Antônio Carlos Carvalho

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