Extraído de NEXUS Magazine, Volume 2, nº 25 (abril-maio de 1995).
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Tradução de Beatriz Medina
Em maio de 1989, Tom Valentine, depois de mudar-se para St Paul, no estado de Minnesota, ouviu no rádio do carro uma notícia curta: "Embora os fornos de microondas aqueçam rapidamente a comida, não são recomendados para esquentar mamadeiras de bebês. Embora a mamadeira pareça fria ao toque, o líquido em seu interior pode ficar extremamente quente e queimar a boca e a garganta do bebê. Além disso, a formação de vapor num recipiente fechado como a mamadeira pode fazê-la explodir."
A notícia continuava: "O aquecimento da mamadeira em microondas pode provocar leves alterações no leite. Em fórmulas para bebês, pode haver perda de algumas vitaminas. Em leite materno extraído mecanicamente, algumas propriedades protetoras podem ser destruídas." O alerta concluía: "Aquecer a mamadeira mantendo-a sob a torneira ou deixando-a numa panela com água quente pode levar mais alguns minutos, mas é muito mais seguro."
No início de 1991, vazaram informações a respeito de um processo judicial em Oklahoma. Uma mulher chamada Norma Levitt fizera uma cirurgia na bacia e morreu por causa de uma simples transfusão de sangue, porque a enfermeira "aqueceu o sangue da transfusão num forno de microondas".
É rotina aquecer o sangue das transfusões - mas não em fornos de microondas! No caso da senhora Levitt, o microondas alterou o sangue, e matou-a.
Será que não dá para concluir que esta forma de aquecimento na verdade causa "algo diferente" nas substâncias aquecidas? Não seria prudente determinar o que este "algo diferente" pode causar?
HANS HERTEL
Na pequena cidade de Wattenwil, perto de Basel, na Suíça, mora um cientista que anda assustado com a falta de pureza e naturalidade nos muitos objetivos da humanidade moderna. Ele trabalhou como pesquisador de alimentos durante vários anos, numa das grandes empresas do setor alimentício da Suíça que fazem negócios em escala global. Há alguns anos, foi demitido por questionar procedimentos de processamento que desnaturavam os alimentos.
Hans Hertel foi o primeiro cientista a conceber e realizar um estudo de alto nível sobre os efeitos dos nutrientes tratados com microondas sobre o sangue e a fisiologia dos seres humanos. Este estudo, pequeno mas bem controlado, denunciou com firmeza a força degenerativa dos fornos de microondas e da comida neles preparada. A conclusão foi clara: cozinhar no microondas altera os nutrientes de forma a provocar mudança no sangue dos participantes; estas não foram mudanças saudáveis, mas alterações que poderiam causar a
deterioração dos sistemas do corpo humano.
- Para controlar o máximo possível de variáveis, selecionamos oito indivíduos, praticantes estritos da dieta macrobiótica e membros do Instituto Macrobiótico de Kentel, Suíça - explicou Hertel. - Ficamos todos hospedados no mesmo hotel nas montanhas durante oito semanas. Não houve fumo, álcool nem sexo.
Logo se vê que estas exigências fazem sentido. Afinal de contas, como seria possível perceber mudanças sutis no sangue humano causadas por comida feita em microondas se estivessem presentes cigarros, bebidas, comida industrializada, poluição, pesticidas, hormônios, antibióticos e tudo o mais que existe no ambiente comum?
Em intervalos de dois a cinco dias, os voluntários do estudo receberam, de estômago vazio, uma das seguintes variantes de alimentos: leite cru de uma fazenda biológica (nº. 1); o mesmo leite fervido da maneira convencional (nº. 2); leite pasteurizado da empresa Intermilk Berne (nº. 3); o mesmo leite cru cozido em forno de microondas (nº. 4); vegetais crus de uma
fazenda orgânica (nº. 5); os mesmos vegetais cozidos da forma convencional (nº. 6); os mesmos vegetais congelados e descongelados no forno de microondas (nº. 7); e os mesmos vegetais cozidos no forno de microondas (nº. 8).
Depois que os voluntários se isolaram no hotel, começou o teste. Foram tiradas amostras de sangue de todos os voluntários imediatamente antes da refeição. Depois outras amostras foram colhidas em intervalos definidos depois de ingeridas as preparações de leite ou vegetais citadas acima.
Foram descobertas mudanças significativas no sangue dos voluntários que consumiram alimentos cozidos no forno de microondas. Estas alterações incluíram uma redução de todos os valores de hemoglobina e colesterol, em especial dos valores do HDL (colesterol bom) e do LDL (colesterol nocivo) e da proporção entre eles. Os linfócitos (glóbulos brancos do sangue) apresentaram um decréscimo de curto prazo mais notável após a ingestão de
alimentos cozidos no microondas do que depois da ingestão de todas as outras variantes. Cada um destes indicadores mostravam uma direção contrária à saúde robusta e favorável à degeneração. Além disso, surgiu uma associação muito significativa entre a quantidade de energia de microondas usada nos alimentos-teste e o poder luminoso de bactérias luminescentes expostas ao soro sangüíneo das pessoas testadas que comeram aqueles alimentos. Isto levou Hertel a concluir que a energia gerada tecnologicamente pode, na
verdade, ser passada por indução para o homem através do consumo de comida feita em
microondas.
- As microondas produzidas tecnicamente baseiam-se no princípio da corrente alternada. Átomos, moléculas e células atingidas por esta forte radiação eletromagnética são forçados a reverter sua polaridade de 1 a 100 bilhões de vezes por segundo. Não há átomo, molécula ou célula de nenhum sistema orgânico capaz de resistir a uma força tão violenta e destrutiva durante nenhum período de tempo, nem mesmo na faixa de baixa energia dos miliwatts.
- De todas as substâncias naturais polares, o oxigênio das moléculas da água é o que reage com mais sensibilidade. É assim que se gera calor no forno de microondas: pela fricção desta violência nas moléculas de água. A estrutura das moléculas é despedaçada, as moléculas são deformadas violentamente (o que se chama isomerismo estrutural) e assim perdem qualidade.
O AQUECIMENTO DA COMIDA
- Tudo isto é o contrário do aquecimento convencional do alimento, no qual o calor se transfere por convecção de fora para dentro. O cozimento com microondas começa dentro das células e moléculas onde há água presente e onde a energia é transformada em calor de fricção.
Hertel acrescentou que, além dos efeitos do violento calor de fricção (chamados efeitos térmicos), há também efeitos atérmicos que quase nunca foram levados em conta.
- Estes efeitos atérmicos não são mensuráveis atualmente, mas podem também deformar a estrutura das moléculas e têm conseqüências qualitativas. Por exemplo, o enfraquecimento das membranas celulares pelas microondas é utilizado no campo da tecnologia de alteração genética. Por causa da força envolvida, na realidade as células são quebradas, neutralizando assim os potenciais elétricos - a própria vida das células - entre os lados de dentro
e de fora das membranas celulares. As células atingidas tornam-se presa fácil de vírus, fungos e outros microorganismos. Os mecanismos naturais de reparação são suprimidos e as células forçadas a se adaptarem a um estado energético de emergência: passam da respiração aeróbia para a anaeróbia. Em vez de água e dióxido de carbono, produzem-se peróxido de hidrogênio e monóxido de carbono.
A mesma fricção violenta e as deformações atérmicas que podem ocorrer em nossos corpos quando somos sujeitos ao radar ou às microondas acontecem com as moléculas da comida feita num forno de microondas. Na verdade, quando alguém faz comida num destes aparelhos, o forno emite uma energia de cerca de 1.000 watts ou mais. Esta radiação provoca destruição e deformação das moléculas do alimento e a formação de novos compostos (chamados compostos radiolíticos) desconhecidos no organismo humano e na natureza.
A ciência e a tecnologia dos dias de hoje garantem insistentemente que os alimentos tratados com microondas ou irradiados não apresentam quantidade significativamente maior de "compostos radiolíticos" do que aqueles cozidos, assados ou preparados pelo sistema convencional - mas as microondas produzem mais destas substâncias. É curioso que nenhuma instituição científica importante nem nosso governo superprotetor tenha realizado testes de sangue sobre os efeitos da ingestão de vários tipos de alimentos cozidos. Hertel e
seu grupo fizeram estes testes, e é clara a indicação de que alguma coisa está errada e que deveriam ser feitos estudos mais amplos. Os efeitos aparentemente tóxicos do cozimento com microondas são apenas mais um item numa longa lista de aditivos antinaturais de nossa dieta diária. No entanto, as instituições oficiais recusam-se a dedicar-se a este trabalho.
- Estes resultados demonstram tendências anêmicas. A situação ficou ainda mais pronunciada durante o segundo mês do estudo - acrescentou Hertel. - E com estes valores em declínio, houve um aumento correspondente dos valores do colesterol.
Hertel admite que fatores de estresse da coleta de amostras de sangue com tanta freqüência todos os dias, por exemplo, não podem ser ignorados, mas a linha básica estabelecida para cada indivíduo tornou-se o marcador do "valor zero" e só as alterações relativas a estes valores-zero foram determinadas estatisticamente.
Depois de completado o primeiro ciclo de substâncias de teste, a diferença entre os efeitos dos alimentos preparados de forma convencional e da comida feita com microondas foi marginal - embora notada como "tendência" definida. Com a continuação do teste, a diferença dos marcadores sangüíneos tornou-se "estatisticamente significativa". As mudanças são consideradas, em geral, como sinais de estresse no corpo. Por exemplo, os eritrócitos tendem a aumentar depois de ingerir legumes cozidos no forno de microondas. A hemoglobina e os valores médios de concentração e conteúdo de hemoglobina também tenderam a cair significativamente depois da ingestão de substâncias tratadas com microondas.
LEUCOCITOSE
- A leucocitose - explicou Hertel -, que não pode responder a desvios diários como os que se seguem à ingestão de alimento, é levada a sério pelos hematologistas. A resposta dos leucócitos é especialmente sensível ao estresse. Com freqüência, é sinal de efeitos patogênicos no sistema vivo, tais como o envenenamento e o dano celular. O aumento dos leucócitos com a ingestão de alimentos tratados com microondas foi mais pronunciado do que com todas as outras variantes. Parece que estes aumentos marcantes foram causados inteiramente pela ingestão de substâncias tratadas com microondas.
Os níveis de colesterol foram muito interessantes, como ressaltou Hertel:
- A crença científica comum afirma que os valores de colesterol costumam alterar-se lentamente em períodos extensos de tempo. Neste estudo, os valores aumentaram rapidamente depois do consumo dos legumes cozidos com microondas. No entanto, com o leite os valores de colesterol permaneceram os mesmos e chegaram a reduzir-se significativamente com o leite cru.
Hertel acredita que seu estudo tende a conformar dados científicos recentes que sugerem que o colesterol pode aumentar rapidamente no sangue em resposta a um estresse agudo.
- Além disso - acrescenta - o nível de colesterol no sangue é menos influenciado pelo conteúdo de colesterol do alimento do que por fatores de estresse. Tais fatores causadores de estresse podem, aparentemente, ser alimentos que não contêm praticamente nenhum colesterol: os legumes cozidos com microondas.
É fácil de ver que este estudo financiado e realizado individualmente tem substância suficiente para provocar a atenção de qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. Alimentos preparados em fornos de microondas causaram mudanças anormais, representativas de estresse, no sangue de todos os indivíduos testados. A individualidade biológica, variável-chave que ridiculariza muitos estudos supostamente científicos, foi muito bem
compensada pelas normas estabelecidas.
MORDAÇA JUDICIAL
Assim que Hertel e Blanc anunciaram seus resultados, o tacape da autoridade caiu sobre eles. Uma poderosa organização comercial, a Associação Suíça de Vendedores e Fabricantes de Eletrodomésticos, conhecida como FEA, reagiu rapidamente. Forçaram o presidente do tribunal de Seftigen, Cantão de Berna, a emitir uma "ordem de mordaça" contra Hertel e Blanc. O ataque foi tão feroz que Blanc rapidamente retirou seu apoio - mas era tarde demais. Ele já registrara por escrito sua opinião sobre a validade dos estudos, e
concordara com a opinião de que alimentos preparados com microondas causavam
anormalidades sangüíneas.
Hertel manteve sua posição, e hoje exige com vigor seu direito a um julgamento. Audições preliminares sobre o assunto foram requisitadas a tribunais superiores, e é bastante óbvio que as forças existentes não querem um julgamento-show sobre este tema.
- Não conseguiram me intimidar e me forçar ao silêncio, e não aceitarei suas condições - declarou Hertel. - Compareci a grandes seminários na Alemanha, e os resultados do estudo foram bem recebidos. Também acho que as autoridades sabem que cientistas da Ciba-Geigy [a maior empresa farmacêutica do mundo, com sede na Suíça] declararam que me apoiariam no tribunal.
Enquanto aqueles poderosos interesses na Suíça que desejam vender milhões de fornos de microondas continuam a evitar o debate aberto deste tema vital para a civilização moderna, novos acontecimentos sobre as microondas surgiram nos Estados Unidos.
PERIGO PARA BEBÊS
Na revista Pediatrics (vol. 89, nº 4, abril de 1992) foi publicado um artigo intitulado "Efeitos da radiação de microondas em fatores anti-infecciosos do leite humano". Richard Quan, médico de Dallas, Texas, era o primeiro nome da equipe que realizou o estudo. John A. Kerner, médico da Universidade de Stanford, também fazia parte da equipe, e foi citado num artigo resumido sobre a pesquisa publicado no número de 25 de abril da revista Science News.
Para dar todo o gostinho do que pode ainda surgir a respeito das microondas, eis aqui o resumo:
"Mulheres que trabalham fora podem extrair e armazenar leite do peito para alimentar o bebê em sua ausência. Mas pais e responsáveis devem ter cuidado quanto à forma de aquecer este leite. Um novo estudo demonstra que o aquecimento de leite humano com microondas - mesmo em ajuste bem baixo - pode destruir algumas de suas importantes qualidades de combate a doenças.
"O leite do peito pode ser refrigerado com segurança por alguns dias, ou congelado durante um mês; no entanto, estudos mostraram que o aquecimento do leite a temperaturas acima da temperatura média do corpo - 37°C - pode destruir não só seus anticorpos contra agentes infecciosos com também suas lisozimas, ou enzimas que digerem bactérias. Assim, quando o pediatra John A. Kerner Jr. observou enfermeiras neonatais amornando ou aquecendo leite
materno no forno de microondas em sua sala, ficou preocupado.
"No número de abril de 1992 de Pediatrics (parte I), ele e seus colaboradores da Universidade de Stanford relataram a descoberta de que leite materno não aquecido e submetido a microondas perdeu a atividade da lisozima e anticorpos e promoveu o crescimento de bactérias potencialmente mais patogênicas. O leite aquecido num ajuste alto (72°C a 98°C) perdeu 96% de seus anticorpos imunuglobulina-A, agentes que detêm micróbios invasores.
"Kerner diz que o que realmente o surpreendeu foi descobrir alguma perda de propriedades anti-infecciosas no leite submetido às microondas num ajuste baixo - numa média de apenas 33,5°C. Alterações adversas em temperaturas tão baixas sugerem que o próprio forno de microondas pode na verdade causar algum dano ao leite, além e apesar do aquecimento.
"Mas Randall M. Goldblum, do Instituto de Medicina da Universidade do Texas em Galveston, discorda e diz: "Não vejo nenhuma prova inconteste de que as microondas tenham causado algum dano. Foi o aquecimento." A degradação de lisozimas e anticorpos nas amostras mais frias pode simplesmente refletir o desenvolvimento de pequenos pontos mais quentes - potencialmente 60°C ou mais - durante o aquecimento com microondas, como observou Madeleine Sigman-Grant, da Universidade do Estado da Pennsylvania em University Park. E isso é de se esperar, segundo ela, porque o aquecimento por microondas é inerentemente irregular e bastante imprevisível quando envolve volumes menores que quatro mililitros, como foi o caso no estudo de Kerner.
"Goldblum considera o uso de microondas para aquecer o leite uma idéia especialmente má, já que provavelmente levará parte do leite à fervura antes que o todo esteja sequer liqüefeito. O Centro Médico da Universidade de Stanford não aquece mais o leite materno no microondas, como observa Kerner. E Sigman-Grant acredita que esta é uma providência apropriada, por causa das pequenas quantidades de leite servidas pelos hospitais aos recém nascidos, especialmente aos prematuros."
O pesquisador Quan, em entrevista por telefone, disse acreditar que os resultados das pesquisas até agora exigem estudo mais detalhado dos efeitos do forno de microondas sobre os nutrientes. A frase abaixo, do resumo da publicação de uma pesquisa, é muito clara:
"Cozinhar com microondas parece ser contra-indicado em caso de altas temperaturas, e existem dúvidas quanto a sua segurança mesmo em temperaturas baixas."
A afirmação final da conclusão do estudo é a seguinte:
"Este estudo preliminar sugere que o aquecimento do leite humano com microondas pode ser prejudicial. São necessários mais estudos para determinar se e como se podem usar as microondas com segurança."
Infelizmente, por enquanto não há mais estudos previstos.
Se você quisesse colocar um suplemento alimentar de ervas no mercado americano, alegando benefícios à saúde, teria de apresentar documentação detalhada e fazer pesquisas caras. Mas indústria de fornos de microondas só teve de provar que as perigosas microondas podiam realmente ficar contidas dentro do forno sem escapar para a área em volta, onde a radiação poderia fazer mal às pessoas. A indústria admite que algumas microondas escapam
mesmo dos melhores fornos. Até agora, a indústria não deu a menor atenção à
possibilidade de que os nutrientes possam ser alterados a ponto de se tornarem prejudiciais à saúde.
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